O sexo é o tema mais utilizado em publicidade e marketing para vender todo o tipo de produtos e serviços: produtos de higiene e de beleza? Mulher semi-nua a esfregar-se no banho de forma sensual. Manteigas e detergentes? Homem semi-nu a mostrar o pacote que não é do produto. Perfumes? Ambiente de sedução e sexo. Roupa? Sexo. Carros? Sexo. Bebidas alcoólicas? Sexo com força.

Toda a publicidade está inundada por um imaginário sexual cheio de pistas visuais e trocadilhos marotos que passam a mensagem subliminar ao possível cliente de “A sua vida sexual vai melhorar se adquirir este produto”. Salvo raras excepções, como os automóveis de luxo que realmente podem ajudar a cumprir o propósito de sacar gajas, tudo o resto é publicidade enganosa. Ninguém melhora a vida sexual por usar um determinado perfume e muito menos por ter manteiga vegetal em casa. Um homem vai para a cama de igual forma com uma mulher que use trinta produtos diferentes para lavar o cabelo e o corpo ou com outra que use sabão azul para esfregar tudo. No meio disto tudo, a indústria do sexo é a que usa menos o sexo para vender sexo.

No entanto, produtos cuja ligação ao sexo seria imediata não o usam para vender. Exemplo: colchões. A publicidade feita aos colchões é sempre focada na coluna e no sono bem dormido e nunca no sexo. “Os nossos colchões, além de lhe darem um bom dormir, ainda têm resistência extra para fazer sexo à bruta sem ficarem deformados”. Nada, nem uma menção a sexo, excepto a ocasional mulher sensual de pijama curto que se deita nele para mostrar as suas funcionalidades terapêuticas; outro caso são os hotéis, onde a publicidade é sempre familiar e focada nos serviços em vez de usarem o sexo para vender “Sinta-se à vontade de fazer sujeira que nós limpamos os lençóis todos os dias.”

O pessoal da publicidade anda a dormir. Iria, até, mais longe e utilizaria o sexo para incentivar as pessoas a praticar o bem ou a cumprirem as suas obrigações com um sorriso na cara. Deixo algumas ideias:

- Nas eleições, as urnas de voto podiam ter homens e mulheres semi-nus a receber o boletim e a enfiá-lo na urna enquanto diziam “Hum…. Já está todo lá dentro.”

- Campanhas para dar sangue deviam recorrer ao estereótipo da enfermeira safadona com ligas por baixo da bata para incentivar os homens a doar sangue com o slogan “Venha dar sangue, prometemos deixar-lhe suficiente para ainda o levantar.” Para as mulheres, podiam usar os médicos da Anatomia de Gray, por exemplo.

- Emails das Finanças deviam ser menos frios e quando se tem de pagar o IRS devia vir em anexo uma fotografia do Ministro das Finanças com o Futre a dizer “Pague os seus impostos e ajude a meter Portugal de pé”. Este tipo de e-mails seria um content marketing ideal para ser patrocinado por uma marca de vaselina, havendo assim mais receitas para o Estado.

- Para facilitar o pagamento das rendas cada vez mais altas em Portugal, os senhorios deveriam ter promotores sensuais que iam à porta das pessoas cobrar a renda. Uma coisa é pagar 1500€ por um T1 ao senhor Armindo de bigode, outra é pagar à Natasha que está sempre cheia de calor porque veio da Roménia.

Não deixa de ser irónico que um dos poucos prazeres da vida que podemos fazer de borla, exceptuando uns quantos camafeus que só o conseguem a pagar, seja o combustível do consumismo.

Sugestões e dicas de vida completamente imparciais:

Para ver: Primeiro episódio da segunda temporada do Falta de Chá

Para ajudar: Esta campanha promovida pelo humorista Diogo Batáguas

Para ir: Vários espectáculos de stand-up comedy: Hugo Sousa | Guilherme Geirinhas | Carlos Coutinho Vilhena | Diogo Batáguas. Procurem as datas nos Instagrams deles e nos locais habituais.