A circunstância deste território português é especial porque é o único onde, desde o 25 de abril, existe um partido que sempre governou.

As razões para os 50 anos de poder do PSD - em larga medida sob a presidência de Alberto João Jardim e, posteriormente, de Miguel Albuquerque - são bastante evidentes e resumem-se numa reforçada crença na autonomia e num elevado nível de desenvolvimento constante.

Após o PSD ter perdido a maioria absoluta na última eleição, e quando muitos começaram a fazer prognósticos de fim de ciclo em 2023, a verdade é que os vários estudos de opinião apostam para uma maioria da coligação PSD/CDS-PP.

Ainda que no continente se possa considerar Miguel Albuquerque uma figura menos presente que Alberto João Jardim, a verdade é que o líder regional mostrou imensas capacidades de boa governança.

Foi líder no combate à pandemia COVID-19 e, numa região totalmente ligada com o sector do turismo, os vários índices mostram uma enorme recuperação económica com diversas  áreas a apresentarem já resultados superiores a 2019.

Para estes resultados, terão contribuído o clima de paz social e estabilidade política e parlamentar que conseguiu com a coligação PSD/CDS-PP e que demonstram bons índices de satisfação da população com as áreas fundamentais da ação governativa.

Sublinho alguns avanços nas áreas da educação (onde foi feita uma negociação com os professores que lhes permitiu a recuperação integral do tempo de serviço), da saúde (em que se destaca a construção no novo hospital da Madeira) e na atenção às questões sociais e em concreto à problemática da habitação (600 fogos estão já em construção para atribuição com rendas acessíveis).

Confrontado com uma oposição aparentemente sem rasgo e vazia de alternativas, estas serão razões de sobra para a confiança de Miguel Albuquerque que promete não liderar um governo sem maioria absoluta da coligação PSD/CDS-PP.

Ainda que ao longo da história sejam múltiplas as provas de autonomia da Madeira também no que a tendências políticas nacionais dizem respeito, a verdade é que este cenário não deixa de trazer boas notícias a Luís Montenegro e ao PSD e más notícias ao PS e a António Costa.

Foi no pico de popularidade do governo e de António Costa que o PS esteve mais perto de derrubar a hegemonia do PSD na Madeira e, na altura, não houve poupança de esforços e presenças do primeiro-ministro.

O afastamento de António Costa da atual disputa regional mostra fragilidade do líder do governo, cuja popularidade hoje acrescentará menos e cuja fragilidade o obriga a um maior afastamento de desaires eleitorais.

Luís Montenegro, pelo contrário, ao que parece poderá celebrar a vitória de Miguel Albuquerque, seu Presidente da Mesa do Congresso do PSD, e avançar com a certeza de que da Madeira não vieram sinais de preocupação para a sua caminhada.