Quando lhe foi perguntado se estava arrependido por ter dito o que disse, Dijsselbloem respondeu que não, manteve tudo. Cícero, filósofo na Roma Antiga ditou há 20 séculos uma sabedoria que este holandês Dijsselbloem não aprendeu: "Errar é humano, mas só os tolos persistem no erro".

De Trump, a asneira não espanta. De Wilders ou Le Pen, sabemos que jogam com o discurso xenófobo. De um dirigente da Europa dita civilizada seria de esperar que praticasse o respeito pelos outros. O que este Dijsselbloem mostrou foi que não tem estatura para algum lugar de liderança na Europa decente.

Jeroen Dijsselbloem está a ter vários maus dias. Esta entrevista foi publicada menos de uma semana depois de uma pesada derrota do seu Partido Trabalhista nas eleições gerais na Holanda: deu um trambolhão de 38 para apenas nove deputados.

Apesar de se declarar social-democrata, este Dijsselbloem tem sido, nos últimos quatro anos, um falcão burocrata da austeridade na Europa. É o principal aliado do inflexível guardião da ortodoxia financeira europeia, o alemão Schauble. Dijsselbloem é o executor da dura estratégia de austeridade de Schauble. Os dois, acumulam provocações e malfeitorias aos povos endividados da Europa do Sul.

Já insinuaram que somos mandriões esparramados ao sol. O preconceito tem agora o acrescento de mulherengos e dados aos copos. Se calhar, no meio de tudo isto há invejas. O que há de certeza é falta de estatura e decência.

Há que recordar a este holandês preconceituoso (a Holanda não tem culpa por ter gente assim, ele até foi derrotado nos votos), e que vem falar de solidariedade, que a Europa rica não deu nada aos países de contas apertadas no Sul: emprestou. E a dívida está a ser paga com juros de sacrifício que engordam a banca de países ricos.