A guerra hipersónica

A invasão russa da Ucrânia prossegue. Ao 24.º dia, Moscovo anunciou o uso de mísseis “invencíveis", "hipersónicos", de alcance ilimitado ou invisíveis ao radar. São parte de uma geração de armas recentemente desenvolvidas pela Rússia.

Com o Kinjal ("punhal" em russo), as forças de Putin conseguiram esta sexta-feira destruir um depósito de armas subterrâneo no oeste da Ucrânia. Esse tipo de míssil, muito manobrável, desafia os sistemas de defesa antiaérea, segundo Moscovo. Durante os testes, atingiram todos os seus alvos a uma distância de até 1.000 a 2.000 quilómetros. Estão montados nos caças MiG-31.

Segundo especialistas ouvidos pela agência France-Presse, o seu uso na Ucrânia é o primeiro do mundo em armamento hipersónico.

O termo remete para a velocidade do som — aliás, para velocidades superiores à do som. Só o Avangard, outro membro da família hipersónica de Moscovo, foi registado, em 2018, a uma velocidade 27 vezes superior à do som.

Os ataques continuam em vários pontos da Ucrânia. O presidente da câmara de Mykolayiv, Oleksander Senkevych, citado pelos ‘media’ ucranianos, disse que a cidade tem sido bombardeada a partir da vizinha Kherson, controlada pelas forças russas.

“O bombardeamento está a acontecer demasiado depressa para que o possamos detetar e acionar o sistema de alarme”, disse o autarca, citado pelo ‘site’ de notícias Ukrainska Pravda.

A região de Mykolayiv tem sido o cenário de violentos combates e bombardeamentos por ser o último obstáculo para as forças russas antes da grande cidade portuária de Odessa.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, mas tem enfrentado uma forte resistência por parte dos ucranianos.

Apesar da resistência, a guerra provocou um número ainda por determinar de baixas civis e militares. A ONU confirmou a morte de 816 civis até quinta-feira, incluindo 59 crianças, mas tem alertado que os números reais “são consideravelmente mais elevados”.

A guerra na Ucrânia também provocou mais de 3,2 milhões de refugiados, na pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e impôs sanções económicas e políticas a Moscovo a uma velocidade também ela hipersónica.

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