O projeto 'MidCat' - que pode vir a ter outro nome

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Talvez não se venha a chamar 'MidCat', talvez venha a ter outro nome. A designação pouco importa face à confiança de António Costa em relação ao futuro energético da Península Ibérica: “as reuniões estão a correr muito bem. Haverá acordo para uma interligação, e será em breve, mesmo que não se chame ‘MidCat’ e tendo outro nome”

As declarações do primeiro-ministro português, hoje, à agência de noticias espanhola Efe, no final do congresso do Partido Socialista Europeu (PSE), que decorreu em Berlim, acontecem um dia depois da reunião com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, focada no plano “MidCat”, o projeto para ligar e fazer transporte de gás da Península Ibérica ao norte da Europa, que os três países apoiam mas França não, argumentando que não é rentável e que é necessário apostar na energia verde.

Em declarações aos meios de comunicação portugueses no final do seu encontro com Scholz e Sánchez, Costa disse na sexta-feira que a França não vai querer ficar sozinha no próximo Conselho Europeu sobre este tema.

Costa considerou que a França, apesar da sua oposição ao projeto, “certamente compreende” as razões do apoio à sua construção “e no Conselho [Europeu] não vai querer ficar isolada nesta posição, que é uma visão comum”, disse.

O chefe do governo Português recordou, a este propósito, que, juntamente com Sánchez, planeia reunir-se com Macron na próxima semana antes do próximo Conselho Europeu, agendado para os dias 20 e 21 de outubro.

A posição francesa levou também Marcelo Rebelo de Sousa, este sábado, a comentar o tema, afirmando que é "uma questão de bom senso europeu”: “nós esperamos que seja possível convencer um dia a França, que já esteve próxima de aceitar, a aceitar aquilo que é importante, não é para Portugal, não é para Espanha, é para a Europa.

O que é o 'MidCat'?

De acordo com o comunicado conjunto emitido após a reunião trilateral, que ratifica o compromisso dos três líderes para a diversificação energética, embora sem mencionar esse gasoduto que atravessaria os Pirinéus, o texto refere-se à criação de “corredores de gás adequados para o transporte de hidrogénio verde”.

“A infraestrutura que pode servir para o gás, pode servir também para o hidrogénio verde (…) e, até agora, parte importante da Europa, por exemplo aqui a Alemanha, era abastecida através da Rússia”, disse António Costa no final da reunião, realçando a necessidade de serem encontradas soluções alternativas de energia, não estando “tão dependentes de um só fornecedor”.

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