O parlamento aprovou hoje um voto de pesar pela morte do militar e estratego do 25 de abril, Otelo Saraiva de Carvalho, numa votação que contou com votos contra de CDS, Chega e IL e dividiu o PSD.
“Obrigada, Otelo” foi a senha no último adeus ao estratego do 25 de Abril, numa cerimónia restrita do crematório de Cascais, antecedida de honras militares, palmas, cravos vermelhos, “Grândola Vila Morena” e críticas à ausência de luto nacional.
O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, disse hoje que os militares da revolução de 1974 "deixaram de ser considerados" há muitos anos e que é surreal que só tenha havido luto nacional por António Spínola.
O primeiro-ministro disse hoje que "obviamente o Estado curva-se perante a memória" de Otelo Saraiva de Carvalho e que não há luto nacional por coerência com o decidido na morte de outros protagonistas do 25 de Abril.
O Presidente da República disse hoje que para a decisão de não haver luto nacional pela morte do militar de Abril Otelo Saraiva de Carvalho contribuiu o facto de ter acontecido o mesmo quando morreram outros protagonistas da revolução.
O ex-presidente da República Ramalho Eanes defendeu hoje que Otelo Saraiva de Carvalho, falecido no domingo, tem direito a um "lugar de proeminência histórica", apesar "da autoria" do que considerou "desvios políticos perversos, de nefastas consequências".
funeral de Otelo Saraiva de Carvalho realiza-se na quarta-feira, no crematório de Cascais, em Alcabideche, estando em câmara ardente na Capela da Academia Militar, em Lisboa, a partir das 16:30 de terça-feira, foi hoje divulgado.
Manuel Castelo-Branco, filho de uma das vítimas das FP-25, descreveu hoje o dia da morte de Otelo Saraiva de Carvalho como “mais um dia de sofrimento”, em que recordou a dor da morte do pai.
Otelo Saraiva de Carvalho foi o estratega da “Revolução dos Cravos”, assumiu-se como “inconformista e temperamental” e disse ter bebido “até à última gota o cálice amargo da injustiça”, em alusão ao processo FP-25.