Há um site que indexa diferentes localidades com mais potencial para quem gosta de viajar e trabalhar com uma boa ligação à Internet. Mas as propostas também passam por outros factores, como a temperatura ou a verba mensal necessária para viver nesses locais. As primeiras cidades portuguesas da lista são uma surpresa.
Braga, Aveiro e Funchal são as melhores cidades em Portugal para os turistas que pretendem ter um bom acesso à Internet, um bom clima e não querem gastar muito. Só depois surgem Lisboa, Porto e Coimbra. Os dados constam da Nomad List, um índice actualizado regularmente e que analisa vários parâmetros para cada uma das 633 cidades registadas no final de Maio.
Na 24ª posição, Braga tem uma temperatura média de 17° centígrados, um acesso à Internet de 30 megabits por segundo (Mbps) e um orçamento mensal necessário de 1.077 euros. Em 31º, Aveiro tem a mesma velocidade de acesso à Internet, para uma necessidade orçamental de 1.811 euros por mês, enquanto o Funchal se fica pela 52º posição, também com um acesso a 30 Mbps mas um custo mais acessível de 1.416 euros.
Seis posições depois, surge Lisboa, com um custo mensal de 1.578 euros mas acesso à Internet a 40 Mbps, a mesma velocidade que oferece o Porto (classificado em 84º), com um valor mensal de 1.563 euros. Por fim, nas cidades portuguesas, surge Coimbra na 119ª posição, com um valor mensal de 1.818 euros e um débito de 30 Mbps.
No total, as cidades portuguesas nem sequer estão mal classificadas, comparadas com outras como Madrid (182ª posição), Bruxelas (341ª), Barcelona (376ª), Paris (389ª) ou Amesterdão, que surge no 437º lugar. No entanto, estas cidades acabam por ser penalizadas pelas necessidades financeiras mais elevadas do que as cidades de Portugal.
O mesmo sucede com Maputo, em Moçambique, que ocupa a 597ª posição, com um custo mensal de 2.478 euros e uma rede de acesso à Internet a apenas 2 Mbps, ou a capital angolana Luanda (608ª), com uma necessidade de orçamento mensal de 3.697 euros e um acesso a 5 Mbps.
No topo da Nomad List estão cidades da Tailândia, com velocidades de acesso entre os 15 e os 40 Mbps mas custos mais acessíveis. A lista é liderada por Banguecoque (1.268 euros mensais), seguindo-se Ko Samui (818 euros), Ko Lanta (730 euros) e a ilha de Phuket (899 euros).
Na quinta posição, surge Las Palmas, nas ilhas Canárias (Espanha), com um valor mensal de 1.385 euros, regressando-se depois à Tailândia com Chiang Mai, por um valor mensal de 851 euros e acesso à Internet a 20 Mbps. Curiosamente, quando a Nomad List foi lançada há dois anos, era a localidade líder, segundo a Slate France. Em sétimo lugar surge Budapeste, com um custo por mês de 1.316 euros e, depois, a primeira cidade norte-americana, Austin (no Texas), com um valor mensal necessário de 2.322 euros e acesso à Internet a 80 Mbps.
Esta velocidade no acesso só é ultrapassada por Timisoara, na Roménia, com 90 Mbps, Hong Kong (95 Mbps), Bucareste (100 Mbps), as sul-coreanas ilha de Jeju e a capital Seul (ambas com 100 Mbps), e as norte-americanas Chattanooga (110 Mbps), Kansas City (150 Mbps) e a líder Provo, com uma velocidade registada de 165 Mbps.
Parâmetros em análise
O site emite ainda algumas comparações com a cidade de onde se está a aceder. Por exemplo, é dito que Provo "é 2% pior do que Lisboa para viver e trabalhar para os nómadas digitais", embora não se justifique porquê. Para hierarquizar as cidades mais apetecíveis para os viajantes, a Nomad List não usa só aspectos como a velocidade de acesso à Internet, a temperatura local ou o valor mensal necessário para ali viver.
Há outros parâmetros como o divertimento, a vida nocturna, Wi-Fi gratuito, locais para trabalhar ("coworking"), ar condicionado ou aquecimento, qualidade de vida, segurança, relação com estrangeiros, mulheres ou gays, a fluência em inglês e a tolerância racial.
Noutra secção, é analisado o custo de vida, com valores locais para preços em apartamentos, quartos de hotel ou arrendamento por serviços online, preços de viagens, bem como de um refrigerante, cerveja ou café. O site compila ainda informação sobre a região onde está localizada a cidade, incluindo temperaturas ao longo do ano, domínio religioso, melhor operadora aérea ou de telecomunicações. Numa parte mais interactiva, é possível falar com pessoas que estão ou estiveram nos locais.
Um de 12 projectos em 12 meses
A Nomad List foi lançada há dois anos por Pieter Levels, um holandês que se considera ele próprio um nómada digital. A 24 de Junho de 2014, disponibilizou uma hiperligação na sua conta de Twitter para uma folha de cálculo onde tencionava agregar os dados, preenchida por outros viajantes.
Num fórum online, onde também a divulgou, explicou que pretendia saber os valores de uma "curta estadia num hostel, hotel ou apartamento no centro [da cidade], trabalhar num espaço de 'coworking' e ter uma refeição básica três vezes por dia. É o estilo de vida médio do nómada digital", considerando desde logo que os valores por uma estadia mais curta seriam mais caros do que para um residente.
Na altura, dizia igualmente querer rentabilizar o site vendendo "guias urbanos específicos para nómadas", explicando que o projecto fazia parte do seu objectivo de lançar 12 startups em 12 meses, anunciado antes, a 1 de Março de 2014.
A então NomadList era um "índice vivo das melhores cidades para viver e trabalhar remotamente", que venderia os referidos guias mas também "kits nómadas" com passes diários para trabalhar em "coworking", um cartão SIM para o telemóvel ou tablet e uma estadia em hotel. Mas tudo se passava ainda num relativo segredo.
O anúncio público ocorreu por engano. A 29 de Julho, como explica no seu site, estava a actualizar o servidor informático quando colocou o site online, sem querer, e começou a receber mensagens no Twitter. No mesmo dia, um artigo no TechInAsia divulgava a intenção das 12 startups num ano.
Sobre a NomadList, dizia então que, "com uma crescente comunidade de trabalhadores à distância, penso que é uma grande audiência para desenvolver algo".
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