A plataforma “Conta-me Histórias”, distinguida na terça-feira com um prémio de 10 mil euros, foi criada pelo Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão (LIAAD) do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), do Porto, e pela Universidade de Kyoto, permitindo ao utilizador "familiarizar-se com o assunto", através de notícias disponíveis no Arquivo.pt, "sem necessidade de recorrer à leitura de todas as fontes", disse à Lusa Ricardo Campos, um dos responsáveis pelo projeto.
Segundo indicou, nesta tecnologia, que utiliza 24 fontes de notícias eletrónicas, entre jornais e portais nacionais, os resultados podem ser explorados com recurso a uma linha de tempo, que permite navegar entre os diferentes períodos temporais, possibilitando a obtenção de informação contextualizada sobre um determinado assunto.
De acordo com o investigador do LIAAD, a aplicação pode ser do interesse de diferentes públicos, exemplificando com os jornalistas que pretendam aceder rapidamente a um conjunto contextualizado de informação ou políticos e assessores que queiram ter acesso a contradições que um oponente emitiu sobre um assunto.
Outros públicos para quem esta plataforma se direciona, continuou o docente do Instituto Politécnico de Tomar, são os estudantes interessados em obter dados detalhados e históricos sobre determinado tópico.
"No fundo, qualquer utilizador interessado em entender rapidamente quais os principais atores de um evento, as suas relações, motivações, e trajetórias no tempo, sem necessidade de proceder à leitura integral das fontes de dados", frisou.
De acordo com o INESC TEC, o aumento no número de publicações e consequente aumento do volume de dados, "que torna praticamente impossível ao cidadão comum entender o enredo de uma notícia ao longo do tempo sem recurso a ferramentas auxiliares", estão entre os fatores que levaram à criação deste projeto.
Ricardo Campos acredita que o “Conta-me Histórias” é um "importante contributo para uma democracia mais transparente", reforçando um acesso livre e democrático à informação, "assente em fatos e tendencialmente livre de filtros", ao fazer uso de diversas fontes jornalísticas.
"O nome ‘Conta-me Histórias' é uma homenagem à música dos Xutos & Pontapés de mesmo nome, com o intuito de retratar um dos objetivos do projeto: o de quereremos contar histórias ao utilizador, que, tal como diz a música, sejam relativas a algo que este não viu ou do qual não se recorda", contou.
A plataforma foi distinguida com um prémio de 10 mil euros pela obtenção do primeiro lugar nos prémios Arquivo.pt 2018, entregues terça-feira durante o Encontro Ciência 2018, que decorre até hoje no Centro de Congresso de Lisboa.
Os prémios Arquivo.pt, lançados pela primeira vez este ano, visam distinguir trabalhos científicos que utilizem a informação preservada pelo Arquivo.pt, uma infraestrutura de investigação pública que permite pesquisar e aceder a páginas da ‘web', arquivadas desde 1996.
O ‘Conta-me Histórias', que para já está disponível numa versão experimental - na qual é possível pesquisar diversos temas e executar alguns exemplos pré-definidos - foi um dos 27 participantes desta primeira edição.
Além de Ricardo Campos, participam neste projeto os investigadores do LIAAD Arian Pasquali e Vitor Mangaravite, o coordenador do mesmo grupo e docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Alípio Jorge, e o docente da Universidade de Kyoto Adam Jatwot.
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