“Depois de um longo processo de preparação e testes, está tudo a postos para a experiência científica Stratospolca — que pretende medir a radiação de fundo no comprimento de onda dos raios gama – seguir para o espaço no balão Bexus 31”, da ESA, afirma a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

O projeto, que será lançado entre segunda-feira e 01 de outubro, a partir das instalações do Esrange Space Center, em Kiruna, no norte da Suécia, é da autoria de um grupo de estudantes da Secção de Astronomia, Astrofísica e Astronáutica da UC, sob orientação de Rui Curado Silva, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e investigador do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), e com o apoio de outros investigadores e técnicos deste laboratório, da Universidade da Beira Interior e da Universidade de Aveiro.

Esta experiência científica, que foi selecionada, em 2019, pelo programa Rexus/Bexus (Rocket/Balloon Experiments for University Students) da ESA, “pretende medir a radiação de fundo no comprimento de onda dos raios gama”, adianta a UC.

“Imaginemos um rádio dos antigos que, se não estiver na frequência certa, produz aquele ruído de fundo tão conhecido. Mas, para saber qual é o canal da música, necessitamos de saber o que é o ruído. Na nossa experiência fazemos isso mesmo: medimos a radiação de fundo nos raios gama, o ruído, para que consigamos ‘ouvir a música’ que vem de corpos celestes longínquos”, ilustra o porta-voz da equipa de estudantes da UC, Henrique Neves.

Para garantir que o sistema desenvolvido pelos estudantes reunia todas as condições para o lançamento, decorreu, em agosto, nos laboratórios do LIP, o Experiment Acceptance Review do projeto Stratospolca, refere a UC, indicando que o teste contou com a presença de Armelle Frenea-Schmidt, engenheira do programa Bexus da ESA, que deu o aval para a experiência seguir para o espaço.

Em seguida, a equipa realizou os testes finais, garantindo que “os sinais produzidos pelo detetor de radiação eram corretamente transmitidos através dos vários andares do sistema eletrónico, até ao interface de registo e análise de dados”, explica o docente e investigador da FCTUC, Rui Curado Silva.

Os resultados das medições efetuadas pela Stratospolca, aponta o docente, “contribuirão para melhorar a sensibilidade dos futuros telescópios que observam o céu no comprimento de onda gama”.

Neste comprimento de onda, acrescenta, “o céu revela os fenómenos mais energéticos e cataclísmicos do Universo, como supernovas, pulsares, o centro das galáxias ou o colapso de estrelas, em particular esperam-se medir novos surtos de raios gama associados à deteção de ondas gravitacionais, contribuindo para a nova área da astronomia multi-mensageira”.