Com a população a envelhecer, o Japão vira-se para a inteligência artificial como forma de cuidar dos idosos. O governo nipónico quer aumentar a aceitação da tecnologia que pode ajudar a suprir as carências no pessoal de enfermagem e assistência — em 2025, podem faltar cerca de 370 mil cuidadores.
Assim, os investigadores, explica o ‘The Guardian’ esta terça-feira, têm estado a olhar para a criação de tecnologia capaz de ajudar pessoas debilitadas a, por exemplo, sair da cama para uma cadeira de rodas, ou a colocar os idosos no banho.
Esta geração de robots cuidadores, contudo, pode assegurar ainda mais tarefas. Pelo menos é isso que espera o governo japonês que, por isso, incluiu recentemente robots capazes de prever quando um utente precisa de ir à casa de banho na sua lista de prioridades.
No instituto japonês de Indústria e Tecnologia avançadas, Hirohisa Hirukawa, diretor de investigação em inovação robótica, diz que os objetivos passam por não apenas reduzir a pressão sobre os cuidadores humanos, mas também por aumentar a autonomia destas pessoas com necessidades especiais.
“A robótica não consegue resolver todos estes problemas”, reconhece Hirukawa; “todavia, a robótica vai ser capaz de dar um contributo para esse tipo de dificuldades”.
E por isso, este centro de investigação tem estado a trabalhar num projeto financiado pelo governo nipónico, e que nos últimos cinco anos tem ajudado 98 construtores a testar dispositivos robóticos capazes de prestar cuidados de saúde. 15 destes projetos, escreve o jornal britânico, foram já transformados em produtos comerciais.
Ao ‘Guardian’, o investigador diz que só em cerca de 8% dos lares existem robots que levantam os pacientes. Este número deve-se em parte ao preço destas máquinas, mas também, aponta Hirukawa, devido à ideia dos prestadores de cuidados que “apesar de tudo, devem ser seres humanos a prestar esse tipo de cuidados”.
É certo, diz, “do lado dos que recebem esses cuidados vai haver inicialmente resistência psicológica”.
Combater essa resistência implica aumentar a complexidade e os custos destes robots. Estas máquinas são capazes de aplicar tecnologia inteligente para ajudar estas pessoas em situações específicas, embora ainda não se assemelhem a humanos, nem falem com os utilizadores.
Um dos dispositivos em desenvolvimento é um auxiliar à mobilidade, movido a eletricidade. A pessoa pode segurar-se ao aparelho para caminhar. O dispositivo inclui sensores capazes de detetar se o utilizador está a subir ou a descer, podendo dar um impulso para subir, ou ter um travão automático quando está a descer, prevenindo quedas.
“No Japão já temos bicicletas apoiadas por um motor, por isso, isto é uma espécie de versão de auxiliar para andar”, explicou Hirukawa aos jornalistas.
Agora, os próximos passos são o desenvolvimento de dispositivos auxiliares de mobilidade “wearable”, isto é, que podem ser usados de forma mais natural pelos utilizadores, bem como tecnologia que leve os utentes à casa de banho quando prevê que está na altura.
O objetivo da estratégia japonesa para a robótica é que, em 2020, quatro em cada cinco utentes de cuidados deste género aceitam ter algum tipo de apoio dado por robots.
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