“Já não dá”, diz ela. “Acabou”, insiste. Ele dá dois passos atrás. Deixa-se cair no sofá, pega no telemóvel e chama a Onward, uma empresa norte-americana que se quer dedicar a ser uma espécie de agência funerária das relações: trata das mudanças, do acompanhamento psicológico — e até lhe arranja um ginásio.

A Onward, que em português significa qualquer coisa como “em frente” é uma empresa e uma ideia lançadas em Nova Iorque no dia dos namorados. O objetivo é ajudar quem se vê fora de uma relação — e por isso com a necessidade de lidar com procura de casa, mudanças, novos contratos… Assim, quando a relação acaba, há agora uma empresa para cuidar dos recém-solteiros.

A empresa é o projeto de Lindsay Meck e Mika Leonard e quer sobretudo ajudar aqueles que não têm uma família próxima para os apoiar numa situação destas. Aliás, a pesquisa da empresa mostrou-lhes que muitas pessoas mantêm-se numa relação com medo do processo que se seguirá.

“As pessoas que estão a sair da coabitação tem toda a confusão de um divórcio sem ninguém que os guie nesse processo”, diz Meck, citada pela ‘Fast Company’.

Na Onward os clientes podem facilmente requisitar o serviço através da internet. Se preferirem, podem chamar um representante para lhes dar apoio emocional num local à escolha. Os pacotes personalizados começam nos 99 dólares por uma assistência de dez dias — e que inclui realojamento, mudanças, armazenamento e “estratégias e descontos para cuidados pessoais”. Estes “cuidados pessoais” incluem terapeutas, serviços de aconselhamento e mediadores.

Os pacotes mais caros incluem o agendamento de visitas semanais para ver se está tudo bem e até guias personalizados sobre as zonas para onde o recém-solteiro se mude, com restaurantes, bares, ginásios — e encontros.

A empresa surgiu de um problema, que se transformou em oportunidade: no espaço de meio ano, ambas as co-fundadoras viram-se em separações. E foram confrontadas com as dificuldades das mudanças, encontrar um novo apartamento, mobilá-lo… “Comprámos a mesma mobília para os nossos quartos”, diz Leonard, a COO da empresa, “chamamos-lhe a mobília da separação”.

“Percebemos que se nós estávamos a passar por isto, isso significa que outras pessoas estão a passar pelo mesmo e não há nenhum serviço que ajude as pessoas a lidar com este pesadelo no meio de uma tempestade emocional”.

Mas uma separação pode ser uma forma de “estabelecer uma nova fase na vida”, defende Meck. “Pode ser mesmo um grande momento para desenvolvimento profissional e pessoal”, diz.

A empresa lançou-se com uma campanha nas redes sociais que se foca na força e no controlo, em vez de olhar para os aspetos mais negativos de uma separação.

O objetivo de expansão começa primeiro com Los Angeles, São Francisco e Washington D.C. no próximo ano, para além de outras zonas onde a oferta imobiliária seja limitada ou a passar por um momento de altos preços.

Isto porque um dos grandes investimentos da marca é mesmo na gestão do processo imobiliário que se segue à separação de um casal que partilhe casa. Estratégias com diversas soluções de alojamento permitem a oferta de espaços de coabitação ou alojamento de curto prazo de unidades mobiladas, em que todas as despesas (água, luz) estejam tratadas. “Só tem de aparecer, como se fosse um Airbnb”, resume Meck.

Números do um centro norte-americano que estuda as famílias e o casamento, citados pela ‘Fast Company’, mostram que a coabitação duplicou na última década. 66% dos casais viviam juntos antes de se casarem. Porém, só pouco mais de 50% dos casais norte-americanos na sua primeira experiência de “viver juntos” acabaram por casar — muitos vivem com vários parceiros antes de dar esse passo.

“As pessoas estão sempre a separar-se”, diz Meck. E, por isso, querem ser “os Ghostbusters. Queremos ser a empresa que tu não sabes que precisas, até precisares”.


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