Ainda antes da ‘hora de ponta’ dos almoços nos espaços entre os quatro pavilhões da Feira Internacional de Lisboa (FIL), o russo Konstantin Bychenkov come um caldo verde, com o obrigatório pedaço de chouriço, e mesmo sem se lembrar do nome da sopa, já enumera as suas qualidades.
A sopa em si não era desconhecida para este russo, que já a tinha encontrado numa cadeia de comida rápida norte-americana em Portugal, onde, com esta vez, já conta três presenças.
“Os russos gostam muito de sopas, que são muito saudáveis, saborosas e fáceis de comer. São ótimas. Eu gosto da cozinha portuguesas. E quando vejo esta sopa, sei que estou em Portugal”, garante.
O também russo Vasily Mazanyuk escolheu experimentar uma bifana, nesta sua quarta visita a Portugal e terceira na Web Summit, mas já relata, com agrado, as experiências que teve com o naco na pedra e com o marisco.
E mesmo sem saber o nome da sandes que ia começar a comer, justifica a sua escolha pelo “bom ar, cheiro bom”. “E gosto que quando cozinham, metam muito molho”, remata.
Nuno Antunes não recorre às ‘app’ para vender bifanas no tacho, batatas fritas e bebidas, mas faz já uma avaliação positiva da sua primeira presença dentro da FIL, depois de nos outros anos ter estado junto do Pavilhão de Portugal.
“Há muito mais movimento aqui [na FIL] e o forte é do meio dia e meia às duas, duas e meia da tarde”, explica o empresário à Lusa, que explica aos clientes que vende “um bife de porco, no pão, feito no tacho”.
“E as pessoas comem, gostam, algumas voltam. E está a ser muito bom”, resume o empresário, que quando questionado sobre as razões para o seu espaço ser escolhido frente à concorrência, responde rapidamente: “porque as minhas são as melhores” e o “serviço é rápido, é pagar e a equipa já está a despachar serviço”.
Ter um evento com 70 mil pessoas de todo o mundo em novembro no calendário é bom para estes negócios, cuja altura mais forte é o verão, acrescenta Nuno Antunes.
A palavra bifana não tem levantado problemas de tradução, remata o empresário, que só “nota o sotaque, mas percebe-se bem o que eles dizem”.
Até porque quando chega a “hora do almoço é sempre a aviar”, o que neste espaço quer dizer bifanas no tacho servidas pela equipa de seis pessoas entre os seis e os oitos euros.
Já Francisco Mendes trouxe da “sua” Seia enchidos e presunto, que produz de forma artesanal, para vender sandes aos participantes da Web Summit, onde marca presença desde a primeira edição na FIL.
“A aceitação dos produtos tradicionais portugueses é muito boa por parte das pessoas que vêm de fora. Primeiro, pela qualidade, depois porque são ainda desconhecidos”, justifica o empresário, referindo a importância de revelar mais do que o pastel de nata e o vinho do Porto.
Francisco Mendes garante ter já fidelizado clientes desde o primeiro ano, informando que a quantidade que traz para estes dias “é significativa, semelhante a um festival”.
“Mas ainda mais importante que a quantidade, é a qualidade do que se vende e a divulgação que fazemos dos produtos tradicionais do interior do país”, garante.
Presunto é a prova de que a língua portuguesa “não é fácil”. “Mas como temos as coisas escritas em português e em inglês, eles às vezes tentam, até em tom de brincadeira”, dizer a palavra em português”, testemunha.
O polaco Wojtek Borowski preferiu a bifana, cujo nome diz sem hesitações, para o almoço nesta sua estreia na Web Summit e por conselho da namorada.
“Ontem experimentei francesinha, que é muito saborosa, mas deixou-me cheio”, refere o polaco, que afirma que no pouco tempo que está por Portugal vai aproveitar ao máximo e já promete voltar quer como turista, como participante na Web Summit. E como apreciador de comida.
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