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Nota-se que eu não gosto de dormir à noite?

Se tu, assim como eu, fores um ávido consumidor de conteúdos ligados a histórias de true crime e mistérios por resolver, se gostas de podcasts como o “My Favorite Murder”, acompanhas canais de YouTube como o Dark Curiosities e se não perdes um episódio de BuzzFeed Unsolved, então esta série da Netflix que saiu há uma semana (e que foi diretamente para o top de conteúdos mais vistos da plataforma) é para ti.

Chama-se “Cena do Crime”, o que só por si já é um título sugestivo. Conta a história de um hotel em Los Angeles, o Cecil Hotel, que muitos acreditam estar amaldiçoado. Para além de ter sido o cenário de várias mortes misteriosas, é conhecido por ser mal frequentado. Entre os vários casos que assombram os seus corredores e estragam a sua reputação, há um que se destaca, o de Elisa Lam. A jovem estudante do Canadá foi para Los Angeles em 2013, numa espécie de viagem de autodescoberta e escolheu o Cecil para ficar hospedada. Dias depois, foi dada como desaparecida e, posteriormente, foi encontrada morta nos depósitos de água do hotel.

Ora, se tu costumas acompanhar o que se passa neste mundo, quase de certeza que já conheces a história de Elisa Lam. Ou, pelo menos, já viste o famoso vídeo do elevador várias vezes e até já tens a tua versão daquilo que aconteceu. Mas, caso não conheças, não te preocupes. Os quatro episódios da série vão dar-te (quase) todos os detalhes da história. Da gerente do hotel aos investigadores da série, passando pelo arrepiante testemunho de quem estava hospedado na altura do crime e de quem encontrou o corpo. Diferentes teorias e versões da história para dar e vender.

Mas se alguns acham que se trata de um fenómeno paranormal, há também quem acredite que há culpados. Dos posts suspeitos que a rapariga fazia no Tumblr à zona onde o hotel se situa, tudo é motivo para desconfiar. O caso acabou por ter um desfecho, e a morte de Elisa Lam foi dada como “acidental”. Ainda assim, há muitos que não se conformam. Se eu tivesse de apostar,… diria que aquela gerente do hotel tem um ar e um discurso muito suspeitos. Mas essa é só uma das muitas teorias que andam por aí a circular.

  • Mais deste género: “Don’t Fuck With Cats”, “Making a Murderer”, “Unsolved Mysteries”, “The Confession Killer” e “Night Stalker” são algumas das minhas recomendações (todas na Netflix).
  • Porque é que gostamos tanto deste tipo de histórias? É inegável. Sempre que surge uma nova série ou filme sobre um crime ou uma história macabra, o mais certo é que chegue ao top de conteúdos mais vistos de uma plataforma. Porquê? O The Tab tem algumas justificações para isso.

AQVGD – edição 87 – Crime Scene AQVGD – edição 87 – Crime Scene

O que queres ser quando fores grande?

Esta é uma pergunta que se costuma fazer aos mais pequenos. As respostas variam, mas, se eu tivesse de apostar, diria que é inevitável fugir a clichés como “médica”, “bombeiro” ou “professora”. Ou pelo menos era isso que se dizia antigamente. Nos dias que correm, parece que já não é assim. Há vários estudos, como este, que mostram que uma das novas tendências é responder “influencer”.

Foi a partir desta premissa que surgiu “Fake Famous”, um documentário que chegou nos últimos dias à HBO Portugal. Vou contar-te alguns detalhes, para que percebas aquilo que te espera:

  • A mente por detrás da obra é Nick Bilton, jornalista norte-americano. Escreve para New York Times, é autor de vários livros, e domina especialmente temas ligados à tecnologia. Como o próprio assume, durante vários anos, foi um grande defensor das redes sociais. Agora chegou a hora de vir desmistificar a vida de influencer e mostrar que nem tudo é real. Vê aqui o trailer.
  •  A premissa do documentário é uma experiência social: o criador e a sua equipa começaram por fazer castings, selecionaram três desconhecidos com “sede” de fama (Dominique, Wiley e Chris) com o objetivo de os transformar em figuras famosas do mundo da internet. A partir daí é fake it until you make it.
  • Uma das mensagens é a de que o conceito de influencers apareceu com o boom da reality tv e com a ideia de que não é preciso qualquer talento ou esforço para se ser famoso. Basta existir e o público gosta disso. Este artigo da Refinery29 explica um pouco melhor a ligação.
  • Ao longo do documentário, os três wannabe influencers passam por diferentes fases. Fala-se da ansiedade de carregar no botão de post, do medo de não ter likes e comentários suficientes e do bullying associado ao aumento de exposição. Aqui, a ligação das redes sociais à saúde mental não fica de fora.
  • Assim como em Roma há a Fontana di Trevi e em Paris há a Torre Eiffel, em Los Angeles há… uma parede cor-de-rosa, onde as pessoas adoram tirar fotografias. O tema é abordado de forma superficial no documentário, mas acredita que é verídico. Fica a conhecer um pouco mais sobre a famosa parede cor-de-rosa.
  • Uma das formas usadas para aumentar o público nas redes sociais das três cobaias são os instagram bots. Estas contas falsas podem seguir, gostar e comentar qualquer conta e foto em troca de alguns dólares. Na aplicação utilizada por Nick, por exemplo, 7 mil e 500 seguidores custam pouco mais de 100 dólares. Por um preço tão baixo, não admira que a utilização de bots seja mais comum do que aquilo que possas pensar.
AQVGD – edição 87 – Veneno AQVGD – edição 87 – Veneno

As que são perigosas por quererem ser livres

A minha última sugestão está ligada a uma mulher poderosa que inspirou tantas outras, mas não te deixes enganar: não é por isso que é um conteúdo “mais ligeiro”. Conheces A Veneno? Não? Não há problema! Eu também não conhecia, mas vou contar-te (por alto) quem foi.

Na verdade, Cristina “La Veneno” Ortiz não é muito falada por cá, mas é um ícone aqui ao lado, em Espanha. Era uma mulher transsexual, mas que não se definiu só por isso. É conhecida por ter sido provocadora, irreverente, por não ter medo de dizer ou mostrar nada, e por incentivar todos à sua volta a aceitar quem são ou a mudar aquilo com que não se identificavam. Mas antes de chegar a este estatuto de diva para a comunidade LGBTQ+ espanhola, houve vários altos e baixos pelos quais teve de passar.

Nasceu em 1964 numa pequena povoação no sul de Espanha, numa sociedade conservadora com uma mentalidade muito fechada, como seria de esperar. Desde cedo soube que nasceu no corpo errado e fez de tudo para que ninguém a proibisse de ser quem era. No entanto a sua vida ficou marcada pelo historial de violência, prostituição e drogas. Mas nem por isso baixou os braços e, quase sem querer, tornou-se numa das ativistas da comunidade trans.

Se quiseres saber um pouco mais sobre a vida d’A Veneno, a HBO lançou há umas semanas um original, com o mesmo nome, num registo que se encaixa algures entre a ficção e a biografia. Na série “Veneno” vais poder acompanhar uma jovem que a admira, sendo que também ela está a descobrir que se identifica como mulher, e que resolve fazer um trabalho para a escola sobre esta figura icónica. Para isso, vai começar a conviver mais com A Veneno e, à medida que lhe vai colocando perguntas, obriga a sua figura exemplar a remexer em traumas do passado.

  • Episódios icónicos: Uma das minhas cenas favoritas da série é a história de como A Veneno conseguiu vestir o seu primeiro vestido, ainda em criança. A estratégia? Tornar-se religiosa para que pudesse ir à missa com o vestido da comunhão.
  • Será que foi mesmo assim? Há peripécias que, por vezes, parecem demasiado boas para ser verdade. Mas a própria série faz o disclaimer no início. “Como em todas as histórias que provêm da memória, há uma parte de realidade e outra de ficção. E como em todas as histórias de ficção, há algo que é profundamente verdadeiro.”
  • Um original HBO Max: Os oito episódios da série foram baseados no livro “Not A Whore, Not A Saint”, de Valeria Vegas.

Créditos Finais

  • Levanta o pé do chão, mas não sais de casa:Dá que pensar o facto de que há um ano muitos de nós estavam preocupados com o que é que íamos vestir logo à noite para ir brincar ao Carnaval… Este ano, a celebração é diferente e mais contida, mas nada te impede de organizares uma festa por Zoom (ou qualquer outra plataforma semelhante). Se precisares de uma playlist, fica aqui a minha sugestão.
  • John Oliver está de volta: A oitava temporada do “Last Week Tonight With John Oliver” já está disponível na HBO Portugal. No primeiro episódio, discute-se o que é que poderá vir a ser a próxima pandemia. Vê aqui o trailer da temporada.
  • Ainda na onda das minhas primeiras recomendações:Sugiro-te a série “Can You Solve This Murder?”, do BuzzFeed Multiplayer. Não é sobre true crime, mas pode ser um exercício engraçado para os detetives de computador.

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