De acordo com o plano editorial divulgado, a Devir vai editar este ano oito obras de banda desenhada e de autores que foram distinguidos nas últimas décadas em Angoulême, a começar, em março, com o autor sérvio Enki Bilal e com uma reedição de “Trilogia Nikopol”.

Esta trilogia é considerada “uma obra icónica da ficção científica e do surrealismo” e integra os álbuns “A Feira dos Imortais”, “A Mulher Armadilha” e “Frio Equador”, publicados originalmente entre 1980 e 1992. Enki Bilal venceu o Grande Prémio de Angoulême em 1987.

Em abril sairá “Alack Sinner”, dos argentinos Carlos Sampayo e José Muñoz, ficção sobre um ex-polícia nova-iorquino que passa a lidar com o crime como detetive. O livro foi duplamente premiado em Angoulême em 1978 e em 1983.

Distinguido no festival de BD de Angoulême em 1997, “O silêncio de Malka”, do escritor argentino Jorge Zentner, com desenho do espanhol Ruben Pellejero, sairá pela Devir em junho.

“A história centra-se na família de Solomon D., um judeu da Europa Oriental que, no início do século XX, decide emigrar para a Argentina em busca de uma vida melhor. O núcleo da narrativa é a sua filha, Malka, uma menina cuja inocência contrasta com a dureza da vida dos colonos”, refere a editora.

Do belga Didier Comès sairá em julho “Silêncio”, “um retrato sombrio e poético da vida rural, onde o realismo mágico se mistura com uma crítica à intolerância e à marginalização dos mais fracos” e que o júri de Angoulême distinguiu em 1981.

Desta série de livros da Devir fará parte ainda, em agosto, “Caderno Azul”, do autor francês André Juillard, considerado um mestre da BD realista e que morreu no verão passado.

Sendo um dos autores que deu continuidade à série “Blake & Mortimer”, André Juillard venceu, com “Caderno Azul”, o prémio de melhor álbum de BD em Angoulême em 1995. No ano seguinte, recebeu o Grande Prémio, de carreira e pelo conjunto da obra publicada.

Do plano editorial para este ano, a Devir mantém a aposta na banda desenhada japonesa (mangá), com destaque para a publicação, em fevereiro, de “Hitler”, livro biográfico “sobre dos líderes mais controversos da história” assinado por Shigeru Mizuki.

Autor também de “Nonnonba”, igualmente publicado em Portugal e inspirado em episódios da infância, “Hitler” é apresentado como uma reflexão sobre “os perigos do autoritarismo, da manipulação de massas e da ascensão de discursos de ódio”, sendo uma obra assinada por um autor pacifista profundamente marcado pela experiência vivida na Segunda Guerra Mundial.

Shigeru Mizuki, que também foi premiado em Angoulême com “Nonnonba”, morreu em 2015 aos 93 anos.

Há ainda a assinalar a edição de uma nova obra do autor japonês Jungi Ito, autor de “Tommie” e “Coleção de Contos” (já publicados pela Devir): em março sairá “Uzumaki”, mangá de terror publicada originalmente nos anos 1990 e que já foi adaptada para videojogo e série de animação, em 'streaming'.

Na mangá para crianças, a Devir inicia a publicação de uma nova coleção, de cinco volumes, futurista e espacial, intitulada “Astra - Lost in Space”, de Kenta Shinohara.