Com imagens inéditas e um acesso sem precedentes ao jogador e à sua família, "Beckham" é uma série documental que acompanha a ascensão David Beckham, uma superestrela do futebol que virou empreendedor, desde as suas origens humildes até ao estrelato do futebol mundial.
"Este é o aniversário dos 10 anos da minha reforma", explicou o próprio Beckham ao Tadum, o site que cobre tudo o que nos chega via Netflix. "Não se trata apenas da minha carreira futebolística, mas da minha família, do meu casamento com uma Spice Girl e do meu percurso".
O homem que dá nome à série é sobejamente conhecido há décadas e está longe de ser preciso ser-se uma bíblia de futebol para já ter ouvido falar nele. Quanto se fala no Spice Boy, já se sabe que o fenómeno cultural vai bem além das quatro linhas. Nos anos 90, vindo de um ambiente humilde da classe trabalhadora do leste de Londres, fez parte de um lote de jogadores das camadas jovens que ingressou na equipa principal do Manchester United para fazer história no clube durante quase uma década. Foi um daqueles casos clássicos de ascensão meteórica: num momento era um jovem desconhecido, no a seguir marcou um golo histórico e tudo muda. Quando deu por ela, estava na senda da fama e a viver uma vida de luxo.
Não se pense, contudo, que a ribalta chegou por acaso. A sua determinação em campo era inegociável e os seus cruzamentos teleguiados eram temidos pelos defesas. Mais: a sua habilidade para bater "bolas paradas" era inconfundível e inquestionável. Se hoje formos ao YouTube, mesmo que o video tenha fraca qualidade e a anatomia do jogador se assemelhe simplesmente a pixel ao quadrado, quem o viu jogar identifica o inglês numa questão de segundos. O estilo e precisão com que marcava livres e cantos era tão peculiar que até foi estudado pela ciência e inspirou um filme ("Bend it like Beckham"). Ainda assim, apesar da "curva" única do seu remate no futebol, a opinião pública quanto ao Homem dividia-se — e todos tinham algo a dizer sobre ele.
Porque Beckham não era só um mero craque que conquistou vários títulos pelo Manchester United e ajudou o clube a tornar-se numa das melhores equipas de futebol do mundo. Era também um rapaz bonito que namorava com uma Spice Girl e um legítimo fenómeno fora do campo (e uma máquina de fazer dinheiro). A sua vida era escrutinada nos tablóides, os paparazzi não lhe davam tréguas e as marcas adoravam-no por ser um autêntico ícone da moda — bastava que mudasse de penteado para que no dia seguinte rapazes dos quatro cantos do globo fossem ao cabeleireiro mais próximo pedir um corte igual. Ou seja, Beckham até podia ser um jogador de futebol, mas a sua dimensão e popularidade era a de uma estrela pop.
Só que esta é a história que todos conhecemos: Beckham, a mediática estrela de futebol que casou com uma Spice Girl e virou referência, dentro e fora dos relvados, no virar do milénio. Mas quem é o verdadeiro David Beckham? Essa é precisamente a questão que esta série documental tenta responder em quatro episódios (todos com pouco mais de uma hora).
Realizado por Fisher Stevens (um multifacetado ator-produtor-realizador, vencedor de um Óscar por "The Cove" e que recentemente deu vida a Hugo Baker em "Succession") e produzido por John Battsek ("Searching for Sugar Man", "Winter on Fire"), "Beckham" oferece uma visão sem paralelo sobre quem é realmente o homem por detrás dos holofotes e da fama. O biografado é o seu próprio narrador em muitos momentos, mas existem testemunhos preciosos e íntimos da família, amigos ou ex-colegas de equipa que ajudam a lapidar a história — e onde nem os seus hábitos de compras e a obsessão pela organização e limpeza ficam por mostrar.
Em suma, o resultado final é um olhar sem precedentes sobre uma superestrela que, apesar de ter passado os últimos 30 anos sob escrutínio público, ainda acredita que tem algumas surpresas para partilhar com o mundo. Desde a fase em que teve de ultrapassar uma depressão e as ameaças de morte a seguir ao Mundial de 98, à relação conflituosa com Sir Alex Ferguson que o levou para os "Galácticos" do Real Madrid e a jogar ao lado de Luís Figo, passando pelo equilíbrio que teve de encontrar para gerir a vida familiar, o casamento e uma carreira internacional que contou com passagens por Espanha, EUA, Itália e França.
O nosso episódio sobre de “Beckham” já está disponível na Apple Podcasts, Spotify e Popcasts.
Nos créditos finais, rubrica em que damos do que ver e ouvir, falámos de: Only Murders In the Building (Disney+), Our Flag Means Death (HBO Max), The Deepest Breath (Netflix), The Super Models (Apple TV+), Fauda (Netflix), Belém (FilmIn), o mini documentário da BBC Brasil sobre a juventude da Palestina, Munich, A Lição (RTP Play), Ahsoka (Disney+) e Fair Play (Netflix).
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