De certa forma, é algo que já está a acontecer, mas prevemos que vai continuar nas próximas semanas: muito falatório em torno de "Beef" (ou "Rixa", em Portugal), a nova dramedy da Netflix, que chegou à plataforma durante o fim de semana de Páscoa. As críticas têm sido muito positivas e os subscritores da gigante do streaming parecem estar a aderir.

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Produzida pela A24 (produtora que parece ter olho para pegar em filmes inovadores com potencial para virarem clássicos — só este ano tinha nos Óscares "A Baleia" e "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo"), a premissa desta série é fácil de explicar, apesar de ser bem mais complexa do que aparenta: há um beef (calão americano que significa lutar ou ser agressivo para com alguém) entre dois automobilistas que simplesmente não conseguem ultrapassar um quase-acidente que tiveram num parque de estacionamento de um hipermercado.

Criada por Lee Sung Jin (entre outras coisas escreveu vários episódios de "It’s Always Sunny in Philadelphia"), "Beef" pega na raiva que consome os dois protagonistas que habitam em Los Angeles, mas cuja vida não podia ser mais distinta: Amy (Ali Wong) é rica, bem sucedida e tem um casamento aparentemente com tudo para ser feliz; já Danny (Steven Yeun), além de viver com o irmão num apartamento modesto, é um “faz tudo” ao nível dos biscates e tem o sonho de construir uma casa para os seus pais coreanos.

Mas as diferenças não se ficam por aí. Amy, que já leva uma vida boa, está prestes a vender o seu negócio por um valor milionário; em contraste, Danny, por mais que tente e se esforce, não consegue juntar dinheiro nem ter o mesmo sucesso — e sem nada a perder, decide vingar-se da dona do Mercedes SUV branco do tal acidente no parque de estacionamento.

Porém, no meio da rixa e de todo o beef, há algo que os une: a sua incapacidade de fazer melhores escolhas e de evitar que entrem em colisão um com o outro. E mesmo que seja claro que ambos se sentem frustrados com a vida que levam, estão longe de ser unidimensionais ou "pessoas más". E é por isso que estamos - o espetador - a torcer para que tomem as decisões que ultimamente sejam as melhores para eles. Só que isso é coisa mais fácil de dizer do que fazer, pelo que toda e qualquer decisão que tomam abre a porta ao caos.

A temporada completa tem 10 episódios (de 30 minutos, mesmo a pedir aquele binge maroto) e a qualidade segue em crescendo, melhorando à medida que a história evolui. E além de os protagonistas estarem excelentes, a série está repleta de mini-catástrofes emocionais hilariantes e muito bem escritas. A par, para quem gosta da boleia nostálgica, é tudo pintado com a distinção e irreverência musical dos anos 90/inícios dos anos 2000. Há momentos que se desenrolam com a "The Reason" dos Hoobastank, "Today" dos The Smashing Pumpkin's, "Machinehead" dos Bush ou até "Lonely Day" dos System of a Down.

Conclusão: é um bom "Beef", que pode ser consumido bem ou mal passado, pois é sem dúvida um dos melhores conteúdos a estacionar na Netflix nos últimos tempos.