“O IBAP vem por este meio informar a opinião pública de que este processo está em curso e que serão respeitados todos os trâmites administrativos, veterinários e legais para que a transferência destes animais para um santuário apropriado seja bem-sucedida”, refere, em comunicado à imprensa, aquele organismo guineense.

A Lusa noticiou no passado dia 12 que as autoridades guineenses não sabem o que fazer a duas chimpanzés bebés resgatadas das mãos de traficantes e que lhes falta liberdade e às vezes comida.

Segundo o IBAP, manter um animal em cativeiro “requer cuidados e gastos financeiros”.

Para além disso, acrescenta o instituto, essa “não é a filosofia” do organismo de proteção da biodiversidade e áreas protegidas.

“Os chimpanzés teriam morrido há muito tempo se realmente passassem fome como foi noticiado”, refere o IBAP.

No documento, o IBAP esclarece que há muitos anos tem vindo a ser confrontado com a captura ilegal de chimpanzés juvenis para comercialização.

Em 2015, refere, a direção do Parque Natural de Cantanhez recuperou um chimpanzé fêmea juvenil denominada Bô, que “não quis voltar para as florestas e os outros grupos de chimpanzés não quiserem aceitá-la”.

Já em 2016, continua o IBAP, foi recuperado um outro chimpanzé fêmea, a Bella, cujo processo de introdução na floresta também falhou.

“Meses depois, um terceiro chimpanzé fêmea, Emília, foi entregue” e encontra-se em cativeiro em Banbandica.

O chimpanzé da África Ocidental é uma espécie protegida e consta na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e está sujeita a proteção pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção.

“Neste contexto, o IBAP, com a ajuda de diferentes parceiros, estabeleceu há mais de dois anos contactos com estruturas internacionais para obter orientações sobre as modalidades a adotar”, refere.

O IBAP esclarece que entrou em contacto com santuários no Quénia e na Zâmbia.

“As condições para a exportação destes chimpanzés fêmeas, principalmente as que estão ligadas às questões veterinárias, atrasaram muito o processo de transferência. O país de importação solicitou resultados de exames e certificados veterinários que devem ser realizados por um especialista veterinário autorizado, atestando a ausência de doenças (entre as quais o ébola)”, explica, no comunicado, o IBAP.

O organismo refere que tem estado a trabalhar neste processo com a delegação da União Europeia em Bissau e com uma investigadora do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Portugal), que apoiaram a deslocação de um veterinário especializado que recolheu amostras de sangue, entre outros exames, aos três animais em junho e lhes aplicou um número de identificação.

“Existe boa vontade das autoridades e das instituições da Guiné-Bissau na execução desta operação, mas tendo em conta a necessidade de respeitar os trâmites administrativos de exportação e de importação e também as exigências veterinárias, torna este processo que já está em curso há dois anos complicado e moroso”, sublinha o IBAP.

Aquele organismo salienta também, no comunicado, que além de captura de chimpanzés a Guiné-Bissau tem “sofrido muito com a degradação e fragmentação dos seus respetivos habitats”.

“Em consequência, nos últimos anos, no sul do país, houve conflitos entre homens e chimpanzés com ataques graves, estes últimos contra crianças”, refere.

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