Antecedido por um ‘open jump’ com várias iniciativas complementares, o evento organizado há 47 anos pela cooperativa Nascente recebeu nesta edição 3.791 candidaturas de 123 países e, segundo o presidente da instituição, Henrique Neves, foram selecionadas para concurso as obras que demonstram que “o cinema de animação atravessa uma das suas melhores fases”.

Isso aplica-se à própria participação portuguesa, que, “pela primeira vez” na história do Cinanima, vai ter duas sessões para visionamento dos 13 filmes nacionais que concorrem ao Prémio António Gaio - cinco deles a disputar também a categoria internacional de curtas-metragens.

Na generalidade da componente competitiva, os temas dominantes serão assim a sustentabilidade, o impacto do ser humano na Terra, a personificação através de animais e as doenças mentais.

Já na parte extraconcurso, os mais de 70 filmes a exibir serão agrupados em panorâmicas sobre o existencialismo – sob tópicos como “Eu existo” ou “Singularidade na diversidade” – e reunidos em retrospetivas sobre a identidade europeia, em segmentos como “Olhares do Mediterrâneo” ou “Animação de Leste”.

Para Henrique Neves, o objetivo é que o visionamento desses filmes possa funcionar como incentivo a uma melhor convivência e a uma maior tolerância. “Estas sessões explicam as diversas perspetivas de várias regiões da Europa que nos ajudam a perceber que as diferentes vivências e culturas devem ser potenciadas como fator de aproximação das pessoas e dos povos”, declarou à Lusa.

A abertura da 47.ª edição do Cinanima é hoje, às 21:30, no Centro Multimeios de Espinho, com a exibição da curta-metragem de 16 minutos “Os salteadores”, que Abi Feijó estreou no mesmo certame há 30 anos.

Longas-metragens em competição são esperadas cinco, todas em estreia nacional: “Gonta - A história do cão com dois nomes no desastre de Fukushima”, do japonês Akio Nishizawa; “Túnel para o Verão, Saída dos adeuses”, do também nipónico Tomohisa Taguchi; “O reino de Kensuke”, realizado pela dupla britânica Boyle/Hendry e com voz de Cillian Murphy; “As quatro almas do coiote”, com que o húngaro Áron Gauder venceu este ano o Festival de Annecy 2023; e “Um galgo de rapariga”, dirigido pelo italiano Enzo d'Alò e com participação da cineasta portuguesa Regina Pessoa.

Além de filmes, o Cinanima de 2023 propõe ainda iniciativas como 'masterclasses' para profissionais e estudantes de cinema, sessões de formação específicas para professores, uma sessão-debate com a realizadora polaca Wiola Sowa e a exposição “100 anos de cinema português de animação”.

Envolvendo desenhos, acetatos, mesas de luz, câmaras, máquinas de projeção, lanternas mágicas, brinquedos óticos e “objetos fílmicos”, essa mostra reúne acervo do festival e dos seus parceiros institucionais, e, para Henrique Neves, deixa claro que, desde 1976, “o Cinanima tem orgulhosamente um papel preponderante” na história da animação portuguesa.