Estão espalhados pelo país. De norte a sul, do litoral ao interior, em Portugal continental e Açores (Terceira e São Miguel).
Uns nasceram durante a vigência do Estado Novo. Outros viram a luz do dia nos anos seguintes à Revolução de Abril e outros ainda surgiram na plenitude da vida na Europa.
Foram apagados pelo lápis azul da censura, uns fecharam portas, outros renasceram e outros reinventaram-se. Quase todos resistiram no tempo. E ao tempo. E ao aparecimento do vídeo, das grandes salas de cinema multimédia e, mais recentemente, das Netflix’s e HBO’s.
O propósito é o mesmo de sempre. Incutir a paixão do e pelo cinema. Ajudar a criar a cinefilia. Educar. Mostrar filmes de todo o mundo. Pequenas produções, pequenos realizadores, documentários, curtas e longas-metragens. Com o propósito de ver, pensar e aprender com o cinema.
São os Cineclubes. Uma forma diferente de ver e de mostrar, dizem quem frequenta, qualidade cinematográfica que merece ser mostrada naqueles espaços que lhes dão palco. Os grandes êxitos mundiais, os blockbusters, esses, salvo honrosas exceções, ficam à porta.
Hoje, 14 de abril, celebra-se o “Dia Nacional do Cineclube, iniciativa promovida pela Federação Portuguesa de Cineclubes (FPCC). Desde o dia 12, até dia 18, em todo o país, esta estrutura criada em 1978 que representa institucionalmente os Cineclubes, promove o diálogo em torno do cinema e do cineclubismo. Além da exibição de cinema, entram em cena tertúlias, debates e cineconcertos.
O “Dia do Cineclube”, pretende, doravante, ser um momento de celebração da atividade cineclubista para lembrar o seu contributo histórico, social, educacional e cultural. A escolha da data de não é por acaso. Tem o duplo objetivo de celebrar a fundação do primeiro cineclube a nível mundial, que surgiu em Paris em 14 de abril de 1907, e ao mesmo tempo, celebrar a do mais antigo cineclube em atividade em Portugal — no dia 13 de abril de 1945 — o “Clube Português de Cinematografia” que mais tarde acrescentou o sufixo “Cineclube do Porto”. Clube que chegou, de acordo com o que reza a história, a ter mais sócios que o FC Porto.
Os cineclubes puxam da película com regularidade semanal e espaçados no tempo. Projetam pelos caminhos de Portugal, com as bobines e tela às costas, em cidades, vilas e onde o cinema não entra. Em cineteatros, salas, livrarias, ao ar livre nas noites quentes de verão, e até aos mais inusitados locais, como igrejas, faróis e cemitérios.
A atividade, no entanto, não se limita a apagar a luz e a mostrar os que os outros fazem. Organizam festivais, nacionais e internacionais, dão formação, realizam workshops, palestras e fazem produção própria. Produção que começa a merecer prémios mundiais.
O SAPO24, sem sair do mesmo sítio, num périplo sem rota definida, conversou com quem representa os cineclubes, sobre o que fazem. Conversou também com quem tem autoridade para rebobinar a história da cinecultura até à sua introdução em Portugal.
Pedimos, por isso, que se sente comodamente e veja o que se está a fazer no país onde 80 mil pessoas assistiram a um cinema diferente durante o ano 2018. E não se esqueça de respeitar o já famoso pedido: por favor, desligue o telemóvel.
Os anos de grande expansão (1945-1955), o apagão e o renascimento
Comecemos pela história. “Embora haja registo dos anos 20”, a 23 de março de 1946, “na Parede”, em Lisboa, o filme “Metropolis”, de Fritz Lang (1927) e no salão de festas do grupo recreativo Os Modestos, “no Porto”, “Faust”, de F.W. Murnau (1926), ambos precedidos de filmes de cinema de amadores e palestras, marca as “primeiras sessões cinematográficas”, conforme recorda Paulo Granja, professor e investigador da Universidade da Beira Interior.
Discorrendo sobre a década de grande expansão (1945-1955), o movimento cineclubista não era só “entretenimento” e alargava-se à “expressão cultural, artística e discussão sobre a própria sociedade”, algo que “não era bem visto pelo Estado Novo”, relembra.
O 5.º Encontro de Cineclubes coincide com a proibição da PIDE (polícia política), que começa a “vigiar” e a “fechar” estes espaços, recorda Paulo Granja. Um apagão que não impediu que, por exemplo, “Faro, Viseu, Guimarães e Lisboa fizessem uma oposição ao regime mais vincada”, tendo “dado apoio à candidatura do General Humberto Delgado” ou mantido ligações “às crises académicas de Lisboa e Coimbra”. Granja, avisa, no entanto, ser “redutor” pensar que o cineclubismo era palco de resistência comunista em exclusivo. “Tivemos o Cineclube católico”. E em Angola e Moçambique, clubes “ligados aos movimentos de libertação”.
Com a propriedade de ser um estudioso da matéria, reconhece que sem o esforço dos Cineclubes na década de 50 do século passado a história do cinema em Portugal teria sido “muito diferente”. Recuperada a “importância” depois da Revolução de Abril, atenta que esta “oferta cultural alternativa” ajudou a criar “novos cineastas, como Pedro Vasconcelos, César Monteiro”, por exemplo, que “tinham passado por cineclubes e fizeram parte de uma comunidade de cinéfilos”. E muitos críticos de cinema começam a “escrever nos Cineclubes”, relembra.
“Há uma ligação forte à comunidade onde se inserem”, reforça. Fazem um trabalho de “formação e produção” e são as “únicas alternativas em algumas vilas e cidades”, avisa. “O Cineclube de Joane (Famalicão) é a única oferta na vila. É serviço público”, alerta.
No panorama nacional, há “33” os Cineclubes ativos, anuncia Tiago Santos, membro da direção da FPCC. “Estamos a sentir um movimento de renascimento. Penafiel, Chaves, Aurélio Pais de Reis, em Braga, Setúbal 50 cut...os Cineclubes estão vivos”, sublinha.
Uns “surgem dentro de associações — como o Cineclube da Bairrada —, outros são responsáveis por uma imensa produção como “Abrantes, com o cinema de animação”, exemplifica Carlos Coelho, vice-presidente da FPCC, demonstrando a vivacidade.
Mais de três décadas de cinema ao ar livre
O Cineclube de Guimarães, fundado a 17 de maio de 1958, o “quatro em Portugal”, aponta Carlos Mesquita, que se apresenta como presidente da direção. “Somos um órgão colegial eleito, não há diretores nos cineclubes”, explica.
Com seis décadas, contabiliza 800 sócios. Rola, em média “oito fitas novas por mês”, divididas por duas sessões. Varia entre a projeção de filmes “clássicos” a que chamam os ciclos da “Memória do cinema”, e outros, como “Martim Scorcesse, americano independente, da América Latina, português, europeu” e, nas sessões de domingo, “filmes mais populares para angariar espetadores para as exibições de 5.ª feira”, diz.
“O Cinema em Noites de Verão”, que já “leva 31 anos” de exibição de filmes ao ar livre, “o mais antigo em Portugal”, uma iniciativa que decorre em agosto, no Largo da Oliveira, no centro histórico da cidade berço da nação, enche de orgulho Carlos Mesquita. “Temos uma média de 400 a 500 espetadores por sessão”, contabiliza.
Ver filmes a olhar as estrelas ganha expressão igualmente em Viana do Castelo. No verão, com o céu como teto, a projeção nos 10 concelhos do Distrito de Viana “são um clássico”, descreve Rui Ramos, presidente do Ao Norte Cineclube de Viana, clube que celebra 25 anos.
“Passamos cinematografia portuguesa, não comercial”, apresenta. “É nossa política ter o cinema de que gostamos e com o qual nos identificamos”, informa. A atividade alarga-se aos festivais de cinema: Encontros de Cinemas de Viena (19.ª edição), que é um “festival de literacia do cinema”, ou o MDOC - Festival Internacional de Documentário de Melgaço, com a produção de “documentários etnográficos”, feitos por jovens realizadores.
Vida Sublime: o filme português mais premiado de sempre nasceu num Cineclube
O Cineclube de Avanca, nascido no pós-25 de abril, e que desde então “nunca perdeu a atividade”, carrega o (bom) peso do Festival com o mesmo nome da freguesia do concelho de Estarreja.
O Festival Internacional de Avanca, que vai na 23.ª edição, “nasceu como formação. Era o único sítio em que decorria formação, e quando falo de formação refiro-me à realização de workshops para produção de filmes, enquanto o festival era exibido”, salienta António Costa Valente. “É uma caraterística única que se cola ao princípio que subjaz ao Cineclube”, reforça Costa Valente que, além de dirigir os destinos do espaço em Avanca (Estarreja) é presidente da Federação dos Cineclubes.
Durante o ano, passam cinema “de qualidade de todos os continentes”, que tem como público-alvo do “infantil à terceira idade”, diz. “É uma marca”, frisa.
O ex-libris é a produção. “Mais de 100 filmes com boa recetividade nos festivais de cinema” que tem como reverso “os 400 prémios ganhos em todo o mundo”, enumera. E entre os premiados, destaca “Vida Sublime”, de Luís Diogo, que, com “34 prémios, dois deles obtidos em Portugal, é o filme português mais premiado de sempre, esteve no Fantasporto e entrou no circuito comercial das salas de cinema na Rússia”, realça.
Numa igreja, num cemitério ou num farol. Onde o cinema não chega
Viajando até ao sul de Portugal, em Faro mora um clube que teve a primeira sessão em 1956. É dos “mais antigos” em Portugal, garante o atual presidente, Carlos Lopes.
Com “250 sócios” desenvolve atividade diversificada, entre exibições regulares e outras não tão regulares. “Filmes fora do circuito comercial, cinematografias abrangentes, exibições europeias, a maioria, e de outros continentes, sem, no entanto, renegar o cinema americano”, alerta.
“No verão meto-me na carrinha e ando pelo Algarve, levo o cinema onde não existe, nem o comercial, nem o não comercial. Trata-se de espalhar cinema onde está ausente”, garante enquanto recorda o projeto (em 2005) que o Cineclube de Faro levou a cabo – Cinema Fora do Sítio – em que levava o “projetor de 35mm e bobines para sessões de cinema em qualquer lado”.
Carlos Lopes chama especial atenção para os espaços “inusitados” onde já projetaram. Entre 2008 e 2017 no Cemitério Antigo, Cacela Velha, no “farol de Vila Real de Santo António, o filme “Os faroleiros”, na Capela do antigo convento de N.ª S.ª da Assunção, atual MMF, e “filmes mudos musicados, em igrejas”.
E por falar nos locais de culto religioso, o “Video Lucem”, integrado do programa cultural 365 (promoção turística do Algarve), que na 3.ª edição, salta de cine-concertos em igrejas algarvias para o Antigo Armazém da Conserveiras do Sul, em Olhão, ou o Quartel Militar de Tavira, onde será exibido em maio o “The river, de Frank Borzage EUA", 1928, filme parcialmente perdido, que será antecedido por “Algarve”, de Amélia Borges Rodrigues Portugal, filme turístico de 1934.
Este ano, destaca a projeção de “filmes inacabados, que não foram obras completas por algum motivo (falta som, por exemplo) e que convidamos o público a finalizar as obras e dar um corpo”, remata.
Um cineclube com o código postal no nome. Outro educava o povo à porta do cinema
“Em abono de verdade, há outro Cineclube na cidade de Ponta Delgada, em São Miguel. É o Cine 9500, que é o Código Postal de Ponta Delgada”, esclarece o presidente do Cineclube Terceira quando questionado sobre o facto de ser o único nas ilhas. O SAPO 24 acrescenta que em São Miguel há agora outro — Ccrg-Clube De Cinema Da Ribeira Grande.
A história na Terceira remonta a 1977. “Iam às portas do cinema entregar fotocópias com informação do filme que iam ver”, recorda. “É educar as pessoas através do cinema”, assume. Assim nascem, florescem até que com o “advento do vídeo e a explosão dos cinemas” tenha como consequência a “morte” em 2004”. Até que em “2013 juntámos todos os sócios e ressuscitámos”. Um renascimento que passou pela aquisição de uma “tela e de um projetor” que acrescenta qualidade de exibição” na sala cinema Recreio dos Artistas.
Hoje exibem “três filmes por mês” acrescido de um “festival de cinema com 100”. Entre as exibições destaca o “festival de três dias de cinema português subordinado ao mar e as ilhas”.
Guimarães, Viana, Faro, Terceira, Joane, Setúbal, Santarém, Bairrada, Lisboa, Anadia, Barcelos e muitos outros locais levantam o pano até ao próximo dia 18 mostrando o tal cinema, pincelado por mestres da sétima arte.
Com direito a debates, palestras, música e muito mais, tudo integrado nas festividades do Dia do Cineclube. Uma efeméride que anuncia hoje os filmes nomeados para Prémio António Loja Neves, uma iniciativa da FPCC que pretende, simultaneamente, homenagear o cineclubista António Loja Neves e o cinema dos Países Africanos de língua oficial Portuguesa.
Programação
Dia 12
21h30
CC de Amarante
BOHEMIAN RHAPSODY de Bryan Singer (UK/EUA, 2018, 134', M/12)
Cinema Teixeira de Pascoaes, R. João Pinto Ribeiro 144, Amarante
21h30
CC de Faro
UM GRITO NA NOITE de Carlos Porfírio (PT, 1948, 81'),
integrado no Video Lucem, musicado ao vivo a partir do guião original do filme
Espaço Guadiana, Rua do Município 12, Alcoutim
Dia 13
18h00
CC do PORTO
BLADE RUNNER: PERIGO IMINENTE de Ridley Scott (EUA, 1982, 117', M/12)
Sessão Comemorativa dos 74 anos do CCP
Casa das Artes, R. Ruben A, 210,Porto
Todo o dia
CC de Tavira
FICLO - Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão
Vários locais, Olhão
21h30
CC de Viseu
O VENTO de Victor Sjöström (EUA, 1928, 75', M/12),musicado ao vivo por Filipe Raposo
Convento de São José, Largo da Câmara, São Pedro do Sul
21h45
Centro de Estudos Cinematográficos (Coimbra)
JOÃO BÉNARD DA COSTA: OUTROS AMARÃO AS COISAS QUE EU AMEI de Manuel Mozos (POR, 2014, 75', M/12), seguido de mesa redonda "O Cineclubismo: ontem, hoje e amanhã".
Mini-Auditório Salgado Zenha, Rua Padre António Vieira, Edifício AAC, Piso 0, Coimbra
Dia 14
16h00
CC do Barreiro
CASTING de Nicolas Wackerbarth (GER, 2017, 91')
Sede do Cineclube do Barreiro, R. Almirante Reis 111, Barreiro
18h00
CC da Ilha Terceira
GIRL: O SONHO DE LARA de Lukas Dhont (BEL/NL, 2018, 105', M/14), no âmbito do projeto «O Cinema da Minha Vida» realizado com a Soc. Filarmónica de Instrução e Recreio dos Artistas, a C. M. de Angra do Heroísmo e a J. F. da Sé.
Recreio dos Artistas, Praça Velha, Angra do Heroísmo
21h30
CC de Vila do Conde
DOGMAN de Matteo Garrone (IT/FR, 2018, 103', M/14)
Teatro Municipal de Vila do Conde, Av. Dr. João Canavarro, Vila do Conde
21h45
CC de Guimarães
CORREIO DE DROGA de Clint Eastwood (EUA, 2018, 116', M/14)
Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor, Av. Dom Afonso Henriques 701, Guimarães
Dia 15
17h00
CC de Avanca
MAGISTER de Gustavo dos Santos (PT, 2018, 20')
Nova Sede do Cineclube de Avanca, Largo do Centro de Saúde, Avanca
21h45
CC Ao Norte (Viana do Castelo)
TODOS SABEM de Asghar Farhadi (ESP/ITA/FRA, 2018, 132', M/12)
Cinema Verde Viana, Centro Comercial 1º de Maio, Viana do Castelo
Dia 16
18h00
50 Cuts (Setúbal)
BLOW UP de Michelangelo Antonioni (ITA/EUA/UK, 1966, 111', M/12), seguido de conversa com o fotógrafo Pedro Soares
Espaço 50 Cuts, R. Pereira Cão 45, Setúbal
19h00
Plano Extraordinário - CC de Tomar
DEBAIXO DO CÉU de Nicholas Oulman (PT, 2019, 79', M/12)
Cine-Teatro Paraíso, R. Infantaria 15, Tomar
21h00
CC da Bairrada (Anadia)
ZAMA de Lucrecia Martel (ARG/outros, 2017, 115', M/14)
Cinema do Parque da Termas da Curia, Parque da Curia
21h30
Fila K CC (Coimbra)
O ÚLTIMO DOS HOMENS de F.W. Murnau (GER, 1924, 77', M/6), musicado ao vivo por Luís Pedro Madeira
Salão Brazil, Largo do Poço, nº 3, 1º, Coimbra
21h30
CC Zoom (Barcelos)
A PEREIRA BRAVA de Nuri Bilge Ceylan (Turquia/outros, 2018, 188', M/14)
Teatro Gil Vicente
Largo Dr. Martins Lima, Barcelos
Dia 17
19h00
ABC CC de Lisboa
AURORA de Rodrigo Sepúlveda (Chile, 2014, 83'), integrado no Ciclo de Cinema da América Latina
Livraria Ler Devagar, R. Rodrigues Faria. n.º 103, ed. G 0.3, Lisboa
21h30
CC de Santarém
MAIS UM DIA DE VIDA de Raúl de la Fuente e Damian Nenow (ESP/ALE/HUN/POL/BEL, 2018, 85', M/12)
Teatro Sá da Bandeira, Rua João Afonso, nº7, Santarém
21h30
Espalhafitas - CC de Abrantes
ROMA de Alfonso Cuarón (MÉX./EUA, 2018, 135', M/14)
Cine-teatro Gil Vicente, Av. Dom João III, Sardoal
Dia 18
21h30
CC de Joane
A FILHA DO POCEIRO de Marcel Pagnol (FR, 1940, 140', M/12)
Casa das Artes, Parque de Sinçães, Av. Carlos Bacelar, V. N. de Famalicão
21h30
CC de Torres Novas
UTOYA - 22 DE JULHO de Erik Poppe (NOR, 2018, 93', M/14), seguido de conversa com o público e o convidado Eurodeputado Miguel Viegas
Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes, Jardim das Rosas, Torres Novas
21h45
CC Octopus (Póvoa do Varzim)
AS CINZAS BRANCAS MAIS PURAS de Jia Zhangke (China/JAP/FRA, 2018, 137', M/14)
Cinema Garret, R. José Malgueira 13, Póvoa de Varzim
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