A Cinemateca tem estado já a assinalar os 50 anos da ‘revolução dos cravos’, mas dedica um programa mais intenso em abril, nomeadamente com a exibição, no próprio dia 25, de pequenos filmes que foram depositados, no âmbito de uma campanha de recolha.
Esta campanha foi lançada em novembro passado, juntamente com a Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, e o que se pedia era que cidadãos enviassem filmes amadores sobre a revolução de 25 de Abril de 1974, para que a Cinemateca os salvaguardasse.
“Daí resultaram filmes em película, mais ou menos elaborados, uns com o material em bruto, outros com grande trabalho de montagem de som e imagem, uns realizados isoladamente, outros no contexto de pequenos grupos, como o Núcleo de Cineastas Independentes”, explica a Cinemateca Portuguesa na programação de abril.
Todos os filmes vão ser apresentados em suporte digital, mas a campanha de recolha continua em curso: É “um projeto de prospeção, digitalização e de exibição de obras com um valor incalculável para a nossa memória coletiva, que não acaba aqui, mas continuará nos próximos meses”.
Em novembro, quando lançou esta campanha, o então diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, lembrava que “os filmes amadores não eram sujeitos à censura do Estado Novo nem a quaisquer limitações ou formatações prévias, o que faz deles uma fonte inestimável para compreender o século XX português.”
Também em abril, no dia 26, a Cinemateca vai mostrar mais de uma hora de imagens em bruto — sem montagem – feitas por “jovens cineastas” que fizeram parte da primeira turma de uma escola que daria origem à Escola Superior de Teatro e Cinema.
“Na manhã de 25 de Abril [de 1974], vários deles entram nas instalações da Escola de Cinema, agarram nas câmaras de 16mm e na película que lá havia, e lançam-se para as ruas”, explica a Cinemateca.
Entre os estudantes figuravam João Botelho, Monique Rutler, Jorge Alves da Silva, Paola Porru, Jorge Loureiro, entre outros.
As bobines com película foram identificadas e digitalizadas pela Cinemateca por entre um recente depósito que a Escola Superior de Teatro e Cinema fez dos seus arquivos analógicos.
Toda a programação de abril desenhada pela Cinemateca Portuguesa – que inclui também uma instalação artística de Luciana Fina e o início de um ciclo dedicado às cinematografias de três das ex-colónias portuguesas — pode ser consultada em cinemateca.pt.
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