Em declarações hoje dadas à agência Lusa, a organização do festival, que iria decorrer de 06 a 08 de agosto, junto à praia do Monte Verde, na Ribeira Grande (São Miguel), adiantou que está “a fazer esforços" para que este "se possa realizar ainda este ano, em data ainda por anunciar”, mas “o plano é fazer uma edição de inverno”.

O responsável pelo festival, Jacinto Franco, ressalvou que a intenção “ainda tem de ser aprovada e conversada com os parceiros e com as entidades competentes”, e que o evento poderá ter dois dias, em vez de três, e até ser realizado noutro local.

O cartaz irá “manter os artistas já anunciados, com a possibilidade de mais um ou outro, que já estavam fechados, mas que ainda não tinham sido anunciados”, explicou, acrescentando que o certame não terá “grandes cabeças de cartaz a nível internacional”, devido à incerteza em relação às restrições nas viagens para a região.

“Já estamos a mudar o festival para outra estação do ano, já vai mudar um bocadinho o espírito do festival, se começarmos a alterar tudo, vamos descontextualizá-lo completamente, e essa não é a nossa intenção – queremos manter sempre o mínimo de espírito do Monte Verde, para que as pessoas possam ter um bocadinho daquilo que estavam à espera, que, infelizmente, este ano não vai ser possível”, considerou o organizador.

A empresa J&M Eventos, que promove o festival, é também responsável por vários eventos na ilha de São Miguel e teve já de recorrer ao 'lay-off' dos quatro trabalhadores que se mantêm na empresa, bem como a linhas de crédito e a outras medidas de redução de custos, como o encerramento de um escritório.

O adiamento da edição de 2020 do Monte Verde para o inverno poderá colmatar algumas perdas, mas nunca compensará a sua totalidade.

“É evidente que o festival, passando para outra altura – não sendo no verão –, não tendo os mesmos cabeças-de-cartaz, e com preços que serão outros, a previsão de receitas é muito menor. Sabemos que as pessoas não vão estar com a mesma disponibilidade para estar junto de milhares de pessoas, estamos a contar com isso”.

O comunicado do Conselho de Ministros anunciava, hoje, que está proibida a “realização de festivais e espetáculos de natureza análoga, até 30 de setembro de 2020, e a adoção de um regime de caráter excecional dirigido aos festivais e espetáculos de natureza análoga que não se possam realizar no lugar, dia ou hora agendados, em virtude da pandemia”.

“Para o caso de espetáculos cuja data de realização tenha lugar entre o período de 28 de fevereiro de 2020 e 30 de setembro de 2020, e que não sejam realizados por facto imputável ao surto da pandemia da doença Covid-19, prevê-se a emissão de um vale de igual valor ao preço do bilhete de ingresso pago, garantindo-se os direitos dos consumidores”, acrescenta o documento.

Este regime será sujeito a apreciação da Assembleia da República e inclui-se nas “medidas excecionais e temporárias de resposta à pandemia da doença covid-19 no âmbito cultural e artístico”.

A Lusa tentou confirmar junto do Governo Regional dos Açores se a medida será transposta à região, mas o executivo regional ainda não deliberou sobre a matéria, avançou a diretora regional da Cultura.

Até ao momento, já foram detetados na região um total de 144 casos, verificando-se 71 recuperados, 15 óbitos e 58 casos positivos ativos para infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, sendo 46 em São Miguel, dois na ilha Terceira, dois na Graciosa, dois em São Jorge, três no Pico e três no Faial.

Portugal contabiliza 1.105 mortos associados à covid-19 em 26.715 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

O país entrou domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

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