“Nunca me tinha passado pela cabeça. A gente [quando é pequeno] olha, vê que é bonito e pensa: será que algum dia?”
Sim, hoje, pelo menos para Mariana Maciel, a rainha das Sanjoaninas de 2018. Encontramo-la no cabeleireiro, no meio de um dia agitado entre provas finais do vestido, retoques e ensaios. A jovem de 20 anos soube em janeiro deste ano que era a escolhida para representar a cidade nas festas em honra de São João, que decorrem de 22 de junho a 1 de julho em Angra do Heroísmo.
O convite chegou-lhe na sequência de um trabalho de final de curso em que palmilhou a cidade património mundial para contar a sua história por pedra, rua por rua. A jornada resultou em brochura, e a brochura em convite para ser rainha por uma noite. “Todo o séquito foi convidado e depois o senhor Gaspar nomeou-me rainha. Não acreditei”, conta-nos. Nem ela, nem a mãe, mas a descrença foi sem mérito e as últimas semanas foram intensas.
A primeira prova foi só para tirar medidas, na segunda viu a parte de baixo do vestido. O resultado final conheceu-o esta tarde e “está lindo, enquadra-se muito no tema”, assegura — sendo esse “Angra, berço do liberalismo”, uma ideia ambiciosa para traduzir em cortejo.
Há, maquilhagem, cabelo e ensaios, em cima do carro, na coreografia de chão, para entrar na câmara. E há sorrisos, lágrimas e algum nervosismo. “Foi tudo tão rápido. Tenho medo de não transparecer quem sou. Isto nunca fez parte do meu pensamento, mas estou contente, sim”.
E a tua mãe? “No início, a minha mãe ficou a olhar para mim e dizia ‘não pode ser, não pode ser’. Claro que ela ficou comovidíssima, e hoje ela quase que chora. Eu gosto de ver, é importante para eles também. Ela hoje foi comigo ver o vestido, e não há palavras, está muito bonito, e a minha capa… a capa dá aquele toque”.
Quando lhe perguntamos o que se espera de uma rainha das Sanjoaninas, responde-nos que o mais importante é “que seja humilde, que tenha um sorriso genuíno e que esteja confiante”.
A noite é dela, tem damas e pajens, e nesta história de encantar não há espaço para um rei. “Acho bonito que se valorize a mulher, e passa por isso também. Só há um Chefe de Protocolo, mas é um bocadinho mais abaixo”, salienta em tom de brincadeira.
Aqui o encanto não termina às doze badaladas, antecipando-se festa pelo menos até às quatro da madrugada. Já sobre o “viveram felizes para sempre”, Mariana não foge à tradição e deixa em aberto o final: “Gostava de viajar pelo mundo, visitar outras culturas e criar um projeto meu, mas para isso preciso de ter outras ideias”... porque o próximo “era uma vez” pode estar aí ao virar da esquina.
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