O filme “Bem Bom”, de Patrícia Sequeira, sobre o grupo feminino de música Doce, que fez sucesso nos anos 1980, era uma das apostas cinematográficas da distribuidora Cinemundo para este ano, mas os planos foram alterados por causa da covid-19, com a estreia adiada para 2021, tal como revelou hoje o jornal Público.
À agência Lusa, Nuno Gonçalves, da Cinemundo, afirmou que não arrisca uma data concreta de estreia do filme, mas previsivelmente não será antes de março.
“Não sabemos como é que a situação vai evoluir. Os cinemas estão numa situação muito complicada e dependem sobretudo do fim de semana. Não há como fazer isto. Não há como estrear filmes. A verdade é que o ‘Bem Bom’ é demasiado importante para estarmos a arriscar lançar um filme e ficarmos com ele completamente bloqueado”, disse o distribuidor.
A Cinemundo, que em 2019 foi a quarta distribuidora em termos de bilheteira e espectadores, com 3,7 milhões de euros e 724 mil entradas, respetivamente, já estava “a fazer um esforço de lançar” um filme por semana, para ajudar as exibidoras, num mercado que está, sobretudo, dependente da produção norte-americana.
Neste momento, com dever de recolher domiciliário a partir das 23:00, agravado no próximo fim de semana, a partir das 13:00, obrigando à supressão de sessões ou ao encerramento das salas de cinema, a palavra é prudência na gestão dos filmes, enquanto se aguarda a evolução da pandemia.
“E depois há o efeito psicológico. Mesmo que as medidas acabem, no dia a seguir [os espectadores] não vão a correr ao cinema, sendo que é seguro estar numa sala”, disse Nuno Gonçalves.
Questionado sobre a hipótese de fazer a estreia de filmes numa plataforma de ‘streaming’, Nuno Gonçalves rejeitou a possibilidade: “Isso é ajudar a matar o negócio”.
No caso da distribuidora NOS Audiovisuais, líder do mercado, alguns dos filmes portugueses programados para este ano foram adiados para 2021, e praticamente sem arriscarem uma nova data.
“Estamos à espera de saber se as medidas vão ser prolongadas para perceber, para planear e olhar para o calendário e ver o que vai acontecer, se os cinemas vão fechar”, disse à agência Lusa o diretor de marketing da NOS Audiovisuais, Saul Rafael.
No caso desta distribuidora, tinha sido anunciado em junho um plano de estreias de filmes portugueses até ao final do ano, mas pelo menos três foram adiados: “Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, “O som que desce da terra”, de Sérgio Graciano, e “Sombra”, de Bruno Gascon.
Fora deste plano, revelado em junho, ficou “Listen”, o premiado filme de Ana Rocha de Sousa, cuja estreia estava prevista para 2021, mas foi antecipada para outubro, capitalizando os prémios ganhos em setembro, no festival de cinema de Veneza.
Ainda que com uma reduzida presença de espectadores em sala, “Listen” colocou-se no topo dos filmes portugueses mais vistos este ano, com 29.260 entradas, segundo dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual, contabilizados até 11 de novembro.
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