De acordo com um comunicado da tutela, o Ministério da Cultura assinou um protocolo com Francisco Keil do Amaral, filho de Maria Keil, para a realização do inventário dos bens culturais que integram o espólio da artista, e será depositado numa instituição museológica nacional da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), sem adiantar qual.
Nos termos deste protocolo, a realização do inventário será complementada com o estudo, investigação, conservação, interpretação e exibição do espólio da artista, constituído por cerca de 2.000 peças que atravessam toda a sua carreira artística, nas áreas de desenho, pintura, azulejo, ilustração, mobiliário e tapeçaria, bem como documentação de arquivo e correspondência, “cujo conhecimento se revela fundamental para preservação e divulgação do património artístico nacional”, sublinha a tutela.
“O trabalho exaustivo de inventário e acondicionamento das peças da coleção será efeito através de uma equipa técnica designada especialmente para o efeito”, refere o Ministério da Cultura sobre a iniciativa para tratar a obra da artista nascida em Silves em 1914 e que morreu aos 97 anos.
Após a conclusão do inventário, este espólio de Maria Keil será colocado em depósito numa instituição museológica nacional da DGPC, que diligenciará também todos os atos necessários à investigação, estudo, proteção, conservação, segurança, divulgação, promoção cultural e exibição das peças depositadas, “com integral respeito pelos princípios estabelecidos na Lei-Quadro dos Museus”.
“Sendo um objetivo estratégico do Governo conferir às mulheres artistas a visibilidade e reconhecimento devido pelo seu papel na cultura e história das artes em Portugal, o Ministério da Cultura, através da DGPC, compromete-se ainda a executar programas de investigação e de exposições itinerantes, de modo a dar a conhecer a vida e obra de Maria Keil, em articulação com a estratégia para a exibição das obras de arte que integram a Coleção de Arte Contemporânea do Estado”, acrescentou o ministério.
A tutela recorda que, na prossecução deste objetivo e no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, foi assinado, em dezembro de 2019, um protocolo entre o Ministério da Cultura e a Fundação Calouste Gulbenkian para a realização de uma grande exposição que tem por base obras de mulheres artistas portuguesas dos últimos 120 anos.
A exposição será apresentada no Bozar, em Bruxelas, no primeiro semestre de 2021, seguindo, no segundo semestre, para o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, na cidade francesa de Tours, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França.
Sobre esta iniciativa, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, citada no comunicado oficial, afirma: “Em pleno século XXI, ainda nada está consolidado na igualdade de género. É fundamental, por isso, prosseguirmos com iniciativas e programas que invertam, contrariem ou reequilibrarem o histórico apagamento a que as artistas mulheres e as suas produções estiveram desde sempre sujeitas”.
Comentários