O responsável da cooperativa Cinema Novo, organizadora do festival, falava em conferência de imprensa realizada no Teatro Rivoli, que até 04 de março acolhe, na área de competição do evento, filmes como “Al Asleyeen”, uma “superprodução egípcia”, o coreano “True Fiction”, “Uma vida sublime”, do português Luís Diogo, “Ajin-Demi Human”, da Toho, “a maior companhia de cinema do Japão” ou “A Comédia Divina”, do Brasil.
Mário Dorminsky revelou que, para 2018, o apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) ao "Festival Internacional de Cinema do Porto" é de “cerca de 48,9 mil euros” (em 2017 foi de 49,6 mil euros) e que “está abaixo dos 100 mil euros”, o orçamento geral de um festival que continua com um “grande reconhecimento e força internacionais”, tendo recebido “filmes de 60 países para a competição”.
“Como mantemos a qualidade e dimensão do festival com o orçamento mais baixo de sempre? Tem muito a ver com a força internacional do Fantasporto. Temos tido uma média de 200 convidados estrangeiros. No ano passado oferecemos viagem e hotel a todos os europeus. Este ano bloqueamos as viagens e o hotel é só para o realizador e apenas por quatro dias. Este foi um dos cortes que foram feitos”, descreveu.
Para Dorminsky, a situação “não teve um efeito negativo na vinda das pessoas, mas em termos de imagem é negativo”.
O responsável lembrou que, “por trás disto está a estrutura da Cinema Novo [cooperativa fundadora do Fantasporto], que atualmente tem um funcionário”.
“Os apoios de que estamos a falar são em concreto para o festival. A margem que temos é a dos patrocinadores. Tirando isso, não era possível a estrutura continuar”, lamentou Dorminsky.
“Há coisas que não aceito. Não aceito que o ICA tenha 700 mil euros para dar a 20 festivais e um milhão de euros para dar a um filme de animação. Isso está a acontecer neste momento”, criticou.
Dorminsky referiu ainda que as “discrepâncias muito grandes” existentes em Portugal, entre festivais com vocações diferentes, prejudica os festival e acaba por matá-los, como aconteceu ao da Figueira da Foz ou de Troia.
“Esperemos que não mate o Fantasporto”, disse.
Beatriz Pacheco Pereira, também diretora do Fantasporto, notou que “é difícil conseguir financiamento digno para o festival”.
Na conferência de imprensa, a responsável revelou que a “temática” desta edição do festival é a “ética” e que, tal como a Lusa tinha adiantado em dezembro, a abertura do evento, no dia 20, cabe a “Marrowbone”, de Sérgio Sanchez.
No dia 23, abre a competição, com a exibição de “Anna Karenina: Vronsky’s Story”, de Karen Shakhnazarov, realizador já distinguido no festival e homenageado na edição de 2012.
A sessão de encerramento, no dia 03 de março, vai contar com a exibição de “Le Fidèle”, de Michael R. Roskam, que foi o candidato belga ao Óscar de melhor filme estrangeiro, sem que tenha passado à lista de nove finalistas do galardão, ainda antes de serem anunciados os nomeados.
O Fantasporto vai também ser palco de três antestreias mundiais de filmes portugueses, com a apresentação de “Uma Vida Sublime”, de Luís Diogo (25 de fevereiro, 19:00), “Doutores Palhaços”, de Bernardo Lopes e Helder Faria (03 de março, 15:30), e “Aparição”, de Fernando Vendrell, a partir do romance com o mesmo nome de Vergílio Ferreira (01 de março, 19:00).
O festival vai homenagear Lauro António projetando a sua primeira longa-metragem, “Manhã Submersa” (03 de março, 18:30), e contar com oito universidades e escolas de cinema, no prémio de Cinema Português.
O 38.º Fantasporto realiza também uma retrospetiva do realizador de Taiwan Chang Tso-Chi e uma mostra do que classifica como “Taiwan B-Movies”, dos anos 1970 e 1980.
O festival vai também exibir “Dream Demon”, no seu 30.º aniversário, com a presença do realizador Harley Cokeliss (24 de fevereiro, 23:00).
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