A sexta edição decorre em cinco salas diferentes do Porto sob o tema “no happy ever after” (‘sem felizes para sempre’, em tradução livre) e é a primeira sob a direção artística de Teresa Vieira, programadora, jornalista e crítica de cinema.
“Traduz uma consciência coletiva (cada vez mais premente) da falência das utopias, da destruição do conto de fadas. Um lema que, no entanto, se propõe numa linha de noção de continuidade”, pode ler-se no caderno de programação.
Assim, ao todo serão 37 as curtas-metragens em competição, de 22 países diferentes, repartidas por quatro secções: ficção, documentário, experimental e a novidade dedicada à animação, com um júri composto pelos realizadores, produtores, argumentistas e curadores Ewa Szablowska, Francisco Moura Relvas, Ieva Norviliené, Matevz Jerman, Ruben Sevivas e Xu Moru.
O país em foco da sexta edição é a Eslovénia e um dos grandes destaques do cartaz é a exibição da primeira longa-metragem eslovena, “In The Kingdom of the Goldhorn”, obra de Janko Ravnik de 1931.
Aqui, será apresentada no dia 28, no Batalha – Centro de Cinema, em cine-concerto, com o artista sonoro Ivo São Bento.
A ‘video art’ daquele país também marca presença, bem como uma performance da artista Pauline Maure, assim como a sessão de abertura do festival, no Batalha, pelas 21:15 de dia 27, que junta três filmes.
“Granny’s Sexual Life”, de Urska Djukic, reflete sobre as imposições à identidade e ao corpo das mulheres, “Steakhouse”, de Spela Cadez, mantém a toada feminista ao olhar para o discurso patriarcal, e “Sisters”, de Kukla, “destaca a importância dessa comunidade de mulheres – cis e trans – para sobreviver, para existir”.
“Esses três filmes são sobre (todas!) as vidas das mulheres. Contando-nos algo sobre as lutas do passado e do presente, do ponto de vista de diferentes gerações, resultando num abraço cinematográfico comunal de olhar – juntos – para um futuro melhor”, pode ler-se na apresentação da sessão.
No dia 29, no Cinema Trindade, o documentário “LGBT_SLO_1984”, lançado em 2022 por Boris Petkovic, lança uma retrospetiva de 35 anos do movimentos LGBTQIA+ na Eslovénia, num foco que inclui ainda uma retrospetiva em torno de Karpo Godina.
Determinante na ‘onda negra’ do cinema jugoslavo, Godina tem oito curtas-metragens em exibição no Beast, dos anos 1960 e 1970, na Casa das Artes, um deles o ‘seu’ “I miss Sonja Henie” (1971).
Entre os ciclos paralelos está um programa ‘queer’, como em edições anteriores, criado em colaboração com o Festival de Cinema Queer da Eslováquia e o Sunny Bunny, com duas sessões, uma com filmes eslovenos e outra com ‘curtas’ ucranianas.
O festival polaco Post Pxrn, de Varsóvia, “reclama a resistência, a redescoberta do prazer como direito fundamental, e a liberdade, livre de imposições e narrativas religiosas”, exibindo no Beast filmes criados entre 2021 e 2023 na Polónia, em contexto marcado por fortes protestos sociais e políticos nestes anos, em particular pela pressão sobre a comunidade LGBTQIA+.
Na “Cine-geografia socialista – África-Europa de Leste”, que regressa, o documentário “Incursion in Africa”, de Traian Cocos e Razvan Marchis, dá a ver as ligações entre a Roménia e nações africanas entre 1965 e 1989, e o Visegrad Film Hub explora o trabalho de Ester Krumbachová, figura de proa da Nova Vaga Checa.
Nesta categoria será ainda exibido “Nightsiren”, filme de Tereza Nvotová que em 2022 venceu um Leopardo de Ouro, na secção Cineasti del Presente, do festival de Locarno.
A programação integra ainda uma oficina de animação para crianças dos oito aos 12 anos, conversas sobre cinema, festas, uma “experiência gastronómica performativa” e a exposição “In Orbit”, de Flaviu Rogojan.
Organizado pela OKNA – Associação Cultural, o Beast tem apoio do International Visegrad Fund e da Câmara do Porto, decorrendo no Batalha – Centro de Cinema, na Casa Comum da Universidade do Porto, na Casa das Artes, no Cinema Trindade e no Passos Manuel.
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