Hoje o filme terá duas sessões no auditório Soror Mariana, em Évora, na quinta-feira será exibido no Cine-Teatro de Montemor-o-Novo e no auditório municipal de Setúbal, onde repete na sexta-feira.
Ainda na sexta-feira, será exibido no Museu do Neorrealismo, em Vila Franca de Xira, em duas sessões, uma das quais para escolas, e no Cinema da Villa, de Cascais.
Este périplo, no qual os realizadores estarão presentes em várias sessões para contacto com o público, acontece numa altura em que o filme continua em cartaz no circuito de exibição comercial de cinema, em Lisboa, Aveiro e Porto.
Na semana passada, quando o filme se estreou em sala, João Salaviza e Renée Nader Messora explicavam à agência Lusa que queriam que esta longa-metragem tivesse existência para lá do circuito comercial.
“Que o filme tenha essa amplitude de conseguir dialogar com algumas coisas que, lentamente, começam a ser discutidas no espaço público em Portugal”, afirmou João Salaviza.
Em causa está toda uma reflexão subjacente ao filme, sobre identidade, História e relação entre culturas.
O filme, uma ficção com traços documentais, foi rodado pelos dois autores na intimidade dos Krahô, um dos povos indígenas do Brasil que “historicamente sempre foram silenciados”, e sobre os quais há ainda um “desconhecimento profundo”, disseram.
Feito entre 2016 e 2017 com habitantes de uma das aldeias Krahô, o filme estreou-se em 2018 no festival de Cannes, em França, onde foi premiado, e nos meses seguintes foi ganhando uma densidade política e social por causa da eleição do político de extrema-direita Jair Bolsonaro como presidente do Brasil, e que já manifestou oposição aos povos indígenas.
O filme serve ainda para refletir sobre a relação entre portugueses e brasileiros, até por razões históricas.
“Há um desconhecimento profundo em Portugal do que se passa no Brasil, mostrámos o filme a professores do secundário para poderem ter material e ter bases para discutir o filme nas salas. Estes povos são os que resistiram e sobreviveram à invasão que os nossos trisavós fizeram no Brasil em 1500″, recordou João Salaviza.
Comentários