Dirigida pelo maestro Quentin Hindley, a ópera conta com a participação de 300 cantores amadores, do Coro Gulbenkian, das orquestras Gulbenkian e a de Estágio Gulbenkian, sendo solistas a meio-soprano Cátia Moreso, o tenor Carlos Cardoso e o baixo Rui Baeta, com o ator Fernando Luís, como narrador.
A ópera com libreto original de Alasdair Middleton, é encenada por Marie-Eve Sygneyrole, e foi apresentada pela primeira vez ao público em 2015, no festival francês de Aix-en Provence.
“O Monstro no Labirinto” é uma ópera que recupera um episódio da mitologia helénica, já que a ação dramática decorre durante a viagem de barco de Teseu à ilha de Creta, para resgatar as crianças atenienses expatriadas, e oferecidas em sacrifício ao terrível Minotauro.
Segundo a mitologia grega, Teseu é filho de Egeu, rei de Atenas, e de Etra, filha do rei Piteo, o seu nome significa “o homem forte por excelência” e é apontado como o maior herói de Atenas, e um dos maiores de toda a Grécia Clássica.
Este projeto, que interroga sobre a capacidade de Teseu de salvar as vítimas lançadas ao monstro no labirinto, remete o espetador para a situação que se vive no mar Mediterrâneo, cruzado por milhares de refugiados e imigrantes, que muitas vezes morrem nas suas águas.
A encenadora Marie-Eve Signeyrole, citada pela FCG, afirma que esta é uma metáfora perfeita do drama migratório do Mediterrâneo, tornando a mítica história do Minotauro num relato contemporâneo.
“Ao descodificarmos este mito, sentimos a necessidade de traduzir a permanência do que ele nos conta e por que razão continua a ser moderno e atual. Imaginámos por isso o labirinto como uma situação inextricável e o monstro como um sistema económico e social que se alimenta do trabalho dos homens explorados por outros homens”, explica a encenadora em comunicado difundido pela FCG.
Esta ópera comunitária, que estará em cena no grande auditório da FCG de 27 a 29 de setembro, é um projeto encomendado pela Orquestra Sinfónica de Londres, a Fundação Filarmonia de Berlim e o Festival d’Aix-en-Provence, ao compositor britânico Jonathan Dove.
A FCG em comunicado enfatiza o envolvimento “de mais de 300 pessoas na produção” operática, os “vários períodos intensos de ensaios, desde setembro” do ano passado, “para articular cada movimento, cada nota e cada palavra em palco ao todo que, nesta ópera, é verdadeiramente mais do que a soma das partes”.
Um “espetáculo maravilhoso e encantatório”, como se leu numa das críticas de estreia em França.
“O Monstro no Labirinto”, que tem uma componente multimédia, conta com a participação dos coros Regina Coeli de Lisboa, de Câmara da Academia de Amadores de Música, Juvenil da Academia de Música de Santa Cecília, Juvenil Euterpe, Musaico, Infanto-juvenil da Universidade de Lisboa, e ainda do Polyphonia Schola Cantorum e Spatium Vocale, sob a direção de Sérgio Fontão.
A conceção e realização do filme de animação, que faz parte da encenação da ópera, é de autoria de Mathieu Maurice.
Sobre a apresentação da ópera, em Londres, no Barbican Centre, o jornal Financial Times afirmou tratar-se de “uma ópera dramática e visceral”.
“Todos os aspetos da criação de [Jonathan] Dove, desde o jogo rítmico ao rugir do Minotauro através dos metais, atiçam a imaginação deixando ao encenador duas principais missões, a projeção multimédia e uma coreografia hábil”.
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