Pedro Castillo, carteiro de 55 anos em Granada, Espanha, teve uma carta inusitada em mãos. O destino era incerto: Cortes de Baza, um município com 2.000 pessoas. Além disso, não tinha o nome do destinatário, mas sim uma descrição da pessoa.

"O homem inglês que usa camisas de cores brilhantes e toca guitarra". Foi esta a indicação que Pedro leu no envelope, a 12 de junho.

"Existem vezes em que custa entregar uma carta, mas este foi um outro nível. Uma coisa é que não coloquem a morada, outra que te descrevam o destinatário desta maneira", disse, citado pelo El País.

A 27 de junho, a página de Facebook dos Correos partilhou a história. "O homem inglês que usa camisas de cores brilhantes e toca guitarra... parece uma adivinha, não é?", escreveram. "Pois era essa toda a informação que tinham os nossos companheiros da Unidade de Distribuição em Baza (Granada) para entregar uma carta ao seu destinatário... E como podem ver, conseguiram!".

O carteiro, que trabalha há mais de uma década em Cortes de Baza, conhece a maioria das pessoas. "Se tenho mais dificuldade a entregar uma carta, encontro sempre um vizinho, um primo ou alguém que conhece quem estou a procurar". Mas, desta vez, ninguém sabia quem podia ser o homem de nacionalidade inglesa, comunidade bem estabelecida na província espanhola.

Quatro dias depois de receber a carta, Pedro continuava a sua busca pelo misterioso homem da camisa de cores brilhantes. À porta dos Correos, enquanto conversava com uma inglesa, apercebeu-se de que o marido desta podia ser o destinatário da carta. E era mesmo. Peter, o inglês.

Com uma camisa vermelha bastante vistosa, Peter chegou até Pedro. "Não sabia nem uma palavra de espanhol. Fiz um gesto para saber se tocava guitarra e ele disse que sim. Ao mostrar-lhe a carta sabia que era sua", contou o carteiro.

Mas porquê que ninguém o conhecia? A resposta é simples. Peter estava há apenas umas semanas em Cortes de Baza.

Quanto a Pedro, embora tivesse curiosidade em saber o remetente da carta misteriosa, não foi bem sucedido. Mas não há problema. "Para mim, esta profissão é pura vocação. Começou como apenas mais um trabalho, mas acabei por criar uma grande ligação depois de tantos anos. Gosto muito do contacto com as pessoas", conta.