"Os ossos e as cartilagens do peixe são especialmente ricos em determinados biopolímeros [polímeros produzidos por seres vivos, como a celusose e o amido] denominados por glicosaminoglicanos (GAG)", disse à Lusa o investigador Manuel Augusto Azenha, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), entidade que lidera o projeto.

De acordo com o também professor da FCUP, os GAG são estruturas químicas flexíveis, capazes de adotar uma nova forma em função dos materiais ou susbstâncias com as quais entra em contacto, como é o caso dos poluentes ambientais e dos fármacos.

"Os GAG podem ser vistos como um fio", explicou o investigador, acrescentando que se esse fio "for atraído por uma substância, ele irá envolvê-la de uma maneira única, assumindo assim uma forma que dependerá do tamanho, geometria e outras características dessa substância".

A nova forma que o GAG adquire pode posteriormente ser "memorizada" e utilizada na construção de sensores óticos, que são dispositivos capazes de, em tempo real, indicar a presença e o teor daquela mesma substância, por exemplo, numa água natural ou num efluente industrial.

Os desperdícios utilizados no projeto são recolhidos na indústria pesqueira ou conserveira da região de Vigo, pelo Instituto de Investigações Marinhas (IIM-CSIC) de Vigo, um dos parceiros nesta investigação, responsável também pela extração e purificação dos GAG presentes nos desperdícios.

Tendo como data de conclusão junho de 2020, este projeto insere-se num plano de atividades do Centro Multipolar de Valorização de Recursos Marinhos, coordenado pela Universidade do Minho, é e liderado por investigadores da FCUP e do Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto (CIQUP).

Para além do Instituto de Investigações Marinhas (IIM-CSIC), de Vigo, participa ainda no projeto a Sarspec, empresa portuguesa especializada em espectroscopia.

É financiado pelo POCTEP - Programa de cooperação transfronteiriça Espanha-Portugal.

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