A atribuição do prémio resultou da votação 'online', a nível global, que decorreu desde 15 maio, entre os 29 vencedores das diferentes áreas dos Prémios Europa Nostra da União Europeia para o Património Cultural, de que o projeto português foi um dos vencedores, na categoria Conservação.

O jardim botânico do Palácio Nacional de Queluz, cuja origem remonta a cerca de 1770, foi destruído pelas cheias de 1983 e, após um projeto de investigação lançado em 2012, pela sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), a que se sucederam quatro anos de trabalho e 815 mil euros de investimento, reabriu, com a reconstituição da sua coleção botânica e das estufas.

“Este projeto foi bem-sucedido na redescoberta e recuperação de um jardim que se pensava perdido. Para isso recorreu-se a investigação arqueológica, à análise dos fragmentos restantes do jardim e da documentação existente”, notou o júri, citado no comunicado da Europa Nostra, quando do anúncio dos vencedores.

Na cerimónia realizada na noite de sexta-feira em Berlim, foram ainda distinguidos, com o Grande Prémio por categoria, sete outros projetos, escolhidos entre os 29 vencedores iniciais, provenientes de 17 países europeus, de acordo com os resultados divulgados pela organização europeia de defesa do património, representada em Portugal pelo Centro Nacional de Cultura.

Assim, na área de Conservação, foram premiados o Sanatório Barner, na Alemanha, a igreja bizantina de Hagia Kyriaki, em Naxos, na Grécia, e a Fortaleza de Bac, na Sérvia.

Na área de Investigação, o prémio foi para o Protocolo Europeu de Conservação Preventiva (EPICO, na sigla inglesa), coordenado por Versalhes, em França.

A museóloga norueguesa Tone Sinding Steinsvik, que promoveu a recuperação do património histórico indústria de Blaafarveværket, e os proprietários de Argual de Tazacorte, nas Canárias, em Espanha, foram distinguidos com o prémio Serviço Dedicado ao Património.

Na categoria Educação, Formação e Sensibilização, o grande prémio Europa Nostra foi para o programa educacional finlandês Culture Leap.

Entre os 29 vencedores dos prémios Europa Nostra anunciados em maio estão as vinhas reais de Winzerberg, em Potsdam-Sanssouci (Alemanha), a Casa Poul Egede, Gronelândia (Dinamarca), os mosaicos do Mosteiro de Santa Catarina, no Sinai (Egito-Grécia-Itália), a fachada do Colégio San Ildefonso, Alcalá de Henares, e os esboços de Sorolla, Valência (Espanha).

A estes juntam-se o mosteiro São Venceslau, Praga (República Checa), o pavilhão do Príncipe Milos (Sérvia), a tecnologia de digitalização CultLab3D (Alemanha), o têxtil da Geórgia, a catalogação da coleção de arte estatal da Sérvia, a associação Hendrick de Keyser (Holanda), a iniciativa “Ief Postino” (Bélgica), o Museu Alka de Sinj (Croácia) e a Casa Plecnik (Eslovénia).

Os programas nacionais de Formação para Conservadores (França), o projeto GeoFort (Holanda), as campanhas Monumentos Abertos (Itália) também estão entre os distinguidos, que foram sujeitos a votação pública.

O Prémio União Europeia para o Património Cultural foi lançado pela Comissão Europeia, em 2002, e é organizado pela rede Europa Nostra de organizações não-governamentais ligadas ao património, como o Centro Nacional de Cultura (CNC), em Portugal.

De acordo com o CNC, Portugal soma 17 projetos premiados, entre os quais o restauro dos órgãos da Basília de Mafra, pelo mestre Dinarte Machado, em 2012, e o Grande Prémio do projeto SOS Azulejo, em 2013.

A entrega dos prémios Europa Nostra 2018 foi feita na noite de sexta-feira, em Berlim, durante a Cimeira Europeia do Património Cultural, pelo comissário europeu para a Educação, Cultura, Juventude e Desporto, Tibor Navracsics, e o presidente da Europa Nostra, Plácido Domingo.

A cimeira, sob o mote “Partilhar o Património – Partilhar Valores”, contou com o ministro da Cultura de Portugal, Luís Filipe Castro Mendes, do coordenador nacional do Ano Europeu do Património Cultural, Guilherme d'Oliveira Martins, e da diretora-geral do Património Cultural, Paula Silva.

Promover uma "Agenda Europeia e um Plano de Ação para o Património Cultural", que fiquem como “legado do Ano Europeu", são objetivos da cimeira.

O comissário Tibor Navracsics, na sua intervenção, destacou hoje que Portugal soma 1200 iniciativas programadas, no âmbito do Ano Europeu do Património Cultural, número que o colcoca entre "os três países com maior adesão" ao projeto, "a par da Alemanha e da Irlanda".