A "aventura" de Frederico Machado e Ricardo Alves começou em abril de 2017, após um mestrado em Enologia e a passagem por países como a Austrália, Estados Unidos, África do Sul, França, Alemanha e Espanha, onde recolheram conhecimentos que agora estão a ser aplicados na produção de vinhos de mesa, brancos e tintos.
"No primeiro ano de produção conseguimos uma vinha com pouco mais de hectare, desde aí começaram a surgir novas vinhas e novas oportunidades e estamos de momento com cerca de dez hectares de vinhas velhas", explicou à Lusa, Frederico Machado.
Em pouco mais de um ano, a Arribas Wine Company, designação dado ao novo projeto vitivinícola, sedeado no distrito de Bragança, cerca de 2.900 garrafas de vinho tinto, esperando os produtores atingir o mesmo número em 2018, apesar de consideraram que o ano "foi fraco" para a produção de vinho.
"Este ano vamos, ainda, tentar produzir 1.500 litros de vinho branco e testar uma nova experiência, que ainda mantemos em segredo", vincou o empresário.
Os mentores do projeto pretendem dar um passo "seguro", com a construção de raiz de uma adega em Bemposta e partir para comercialização dos seus vinhos no mercado nacional e internacional.
"O terreno já foi adquirido. Pretendemos atingir uma produção máxima de 50.000 garrafas de vinho por ano e investir cerca de 300 mil euros, só neste projeto", indicaram os empreendedores.
O vinho tinto produzido pela Arribas Wine Company começa a ter procura internacional com exportações previstas para França e Inglaterra. O mercado nacional já começa a conhecer o "Saroto", o nome dado ao vinho, o qual já chegou a "restaurantes portugueses, de renome internacional".
Frederico Machado e Ricardo Alves são "companheiros de aventuras" que se conheceram enquanto frequentavam um mestrado em Enologia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que não se deixaram levar pelos "encantos" das grandes cidades e apostaram a suas careiras nas arribas do Douro Internacional.
"O vinho produzido por vinhas velhas apresenta uma boa qualidade, para além de algumas diferenças em relação aos vinhos mais correntes. O facto de a vinha ser antiga, e estar implantada há muitos anos no mesmo sítio, dá-nos uma qualidade não vista em vinhas novas", explicou Ricardo Alves.
Os dois vitivinicultores mostraram-se apostados em preservar a qualidade e tradição das vinhas velha no Douro Internacional.
"Nós trabalhamos um vinho mais leve e fresco, que seja mais fácil de beber, tanto de verão como de inverno, o que se trata de um produto diferenciador", vincou.
Frederico Machado, observou que no território onde estão a produzir o vinho, assiste-se a um abandono das vinhas velhas devido à idade avançadas dos seus proprietários.
"Estamos a assistir ao arranque de vinhas velhas para serem substituídas por outras culturas. Dentro da nossa capacidade, iremos tentar preservar este património", enfatizou.
Os jovens produtores garantem que há gostos muito vincados, no que respeita à aprovação dos vinhos por parte dos consumidores portugueses. "Perante este facto vamos tentar ser consensuais", afiançam.
A variedade das castas existentes nas vinhas velhas pesou bastante na escolha para a fixação dos dois vitivinicultores, aliadas às características "singulares" do terreno.
As principais castas usadas para vinhos tintos são a tinta gorda, o bastardo, rufete, tinta Francisca, ou alvarilhão. Já para a produção de vinhos brancos há malvasia, verdelho, posto branco, ou bastando branco.
Segundo os também investigadores, a mistura das castas surgiu porque quem plantava vinhas há 70 ou 80 anos, queria ter sempre vinho, mesmo em anos maus.
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