Francisco Reis, livreiro da Poetria, acredita que vai ser um ano “extraordinário”, à semelhança da Feira do Livro do Porto em 2021, quando ainda se sentia o impacto da pandemia.
“Durante a covid-19 a feira ultrapassou as nossas expectativas e o mesmo acreditamos que vai ser este ano”, declarou, referindo que, apesar da morte recente de Ana Luísa Amaral, esta feira vai ser “um hino à alegria”.
Segundo Francisco Reis, a Poetria vai ter novos livros, alguns pela nova editora – Fresca -, que procura lançar novos poetas, como a nova obra de Minês Castanheira, “No Princípio Era a Dança”, uma nova edição de “Merda para as Musas”, de João Coles, bem como uma nova tiragem do livro da Francisca Camelo “A importância do pequeno-almoço”.
A Poetria vai também editar o livro “A mais bela profissão do mundo”, de Dina Ferreira, a anterior proprietária da Poetria, que vai ser apresentado dia 11 de setembro pelo jornalista Miguel Carvalho.
Duarte Pereira, da Livraria Snob, traz também livros da Livraria Saudade, que distribui editoras brasileiras em Portugal, e contou à Lusa que o certame de 2021 foi “o melhor de todos”. O livreiro acredita, ainda assim, que também 2022 será um êxito.
“Creio que os resultados serão bons. Penso, claro, em todos os fatores que este ano condicionam a carteira do leitor […] e a incerteza do que vem por aí, mas acredito que possa correr bem, por ser um encontro, uma festa onde as pessoas se reveem passado algum tempo”, disse.
Para Duarte Pereira, o conceito da Feira o Livro do Porto e “essa independência”, com o município a assumir a direção da feira, é o que o motiva a participar e a não estar noutra feira do livro, como a de Lisboa, que vai decorrer em simultâneo.
Como a Feira do Livro do Porto está sob a influência da poesia, um dos destaques que Duarte Pereira faz é “Uma faca nos dentes”, de António José Forte.
Cátia Monteiro, da Livraria Flâneur, participa desde 2015 na Feira do Livro do Porto e assume que as expectativas para este ano “não são tão altas” como em 2021, um “ano extraordinário” onde tudo correu “muito bem” e “até superou as expectativas que já eram altas”, em termos de vendas.
“No não passado havia mais poder de compra do que este ano. Acho que este ano as pessoas vão pensar melhor antes de fazer uma compra, quer seja na questão monetária e a questão da guerra e todos os problemas que enfrentamos deixam-nos mais pessimistas e, se calhar, damos menos atenção àquilo que, à partida, não nos parece tão essencial ao dia a dia”, considerou.
Nuno Faria, coordenador da programação da Feira do Livro do Porto, realça que este é um evento “muito procurado” e esperado na cidade e que “funciona muito” como “quase um balão de oxigénio” para os livreiros, alfarrabistas e pequenos projetos.
“Apesar do momento em que vivemos, que não é fácil, com uma muito maior liberdade de movimentos e sem restrições, a nossa expectativa é termos muito público […] e penso que será um ano em cheio”, afirmou.
A Feira do Livro do Porto 2022 homenageia e evoca a escritora e poeta Ana Luísa Amaral (1956-2022) e esse é “o grande destaque” e o “centro desta edição” do evento, assume Nuno Faria.
No primeiro fim de semana, é-lhe dedicada um grande programa, com vários especialistas, conversas e a projeção do documentário dedicado à escritora.
Outra figura de destaque da Feira do Livro é o poeta e ensaísta Manuel Gusmão, que vai ter uma exposição na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, inaugurada as 17:00 de sexta-feira, dia de abertura do evento nos Jardim do Palácio de Cristal.
O cinema, com o apoio do Cineclube do Porto, a programação literária centrada no auditório da Biblioteca Almeida Garrett e os dois programas de lições – “O Sentido da vida é só cantar”, dedicado à poesia, e “Escrever brasileiro em língua minha” com a evocação dos 200 anos da independência do Brasil, são outros destaques da feira, que oferece cerca de uma centena de atividades culturais.
A Feira do Livro do Porto estende-se até dia 11 de setembro.
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