O livro, escrito a quatro mãos e lançado em Portugal este mês de setembro, reúne três novelas feitas com base em peças de teatro. Um trabalho que “exige uma intimidade grande” e que “não é possível se não houver amizade”, confessou o autor angolano, em entrevista à agência Lusa.
“Este livro são três contos longos que resultam de três peças de teatro que escrevemos em conjunto, algumas delas em presença um do outro, outras longe um do outro, mas trocando correspondência. Depois fizemos a adaptação para contos. Foi uma experiência muito divertida. Se as pessoas se divertirem tanto a ler como nós nos divertimos a escrever, acho que vão gostar”, contou José Eduardo Agualusa.
O livro, editado pela Quetzal tem três contos: “O terrorista elegante”, “Chovem amores na rua do matador” e “A caixa preta”.
“A história principal é muito atual. É a história da criação de um terrorista pela necessidade que, às vezes, aqui no ocidente existe de apresentar um inimigo com rosto visível. É uma paródia, uma comédia, mas sobre uma questão muito séria”, descreveu.
O processo de escrita “não foi rápido”, admitiu José Eduardo Agualusa, sublinhando que, juntamente com a adaptação, foram “anos de trabalho” em que a comunicação entre os dois correu sempre bem.
“Comunicámos através das redes sociais. Um escreve uma coisa, envia para o outro, o outro corrige, acrescenta alguma coisa, envia novamente. É uma construção conjunta. A verdade é que neste momento seria impossível dizer o que cada um escreveu”, admitiu.
“Às vezes algumas pessoas dizem, ‘Isto foi o Mia’, mas nós próprios não sabemos quem escreveu o quê. A primeira peça que fizemos foi a partir de uma ideia do Mia, e eu tentei, de alguma maneira, aproximar-me da escrita dele. A segunda foi o contrário, foi a partir de um conto meu que já estava escrito. E a terceira foi a partir de uma notícia de jornal, que foi construída em Maputo, estávamos juntos e escrevemos em casa do Mia. Um dizia uma frase e outro dizia outra”, esclareceu.
José Eduardo Agualusa participou na 19.ª edição do Festival Internacional de Literatura de Berlim (ilb) que termina no próximo sábado, dia 21 de setembro.
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