Pela primeira vez, assinalou Marcelo Rebelo de Sousa, “foi entregue uma condecoração ilustre a título singular num espaço do concelho não votado para este fim, não inserida em qualquer outra cerimónia oficial”, referindo-se ao salão nobre da Câmara Municipal do Porto.

Souto Moura, conhecido por ser homem de poucas palavras, “apenas de grandes obras”, fez questão de agradecer o gesto e dedicar o prémio “aos arquitetos e jovens arquitetos”, falando com o “silêncio da humildade”.

“[Souto Moura] tem confessado que o livro de cabeceira é o Livro do Desassossego [obra de Fernando Pessoa] mas, o que agrada a este amante da literatura não é o desassossego enquanto sentimento do mundo, é uma espécie de resistência que a grande literatura oferece ao mesmo tempo que, tal como a arquitetura, proporciona adesões ou rejeições imediatas, sem explicações”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado considerou ainda que o desassossego do arquiteto é a sua “vontade criadora e desassossegada”, a “vontade de evoluir, de saltar, de progredir, mesmo que não abandonando nunca certas linhas elegantes dos modernistas e daqueles que vieram depois deles”.

Marcelo Rebelo de Sousa revelou que Souto Moura se define como “pragmático, homem de maratona”, lembrando o percurso mais do que académico do artista: “Souto Moura assumiu ser sempre um historial de solidez, que vem desde logo de uma genealogia bem estabelecida, a aulas de Fernando Távora, Escola do Porto e depois a proximidade com Siza Vieira”, enumerou o chefe de Estado.

Já de faixa amarela ao peito, pequena para abraçar “genialidade” da obra de Souto Moura, o arquiteto aceitou falar.

“Eu gostava de agradecer, primeiro ao excelsíssimo Presidente da República esta disponibilidade de vir ao Porto e fazer esta homenagem e dedicar este prémio de arquitetura aos arquitetos e aos futuros jovens arquitetos que precisam de grande apoio”, disse, refugiando-se depois no olhar que quem humildemente “estava feliz”.