Depois de edições no Bairro Padre Cruz, em 2016, e em Marvila, em 2017, a Galeria de Arte Urbana (GAU) da Câmara de Lisboa optou pelo Lumiar, mais especificamente a zona envolvente do bairro da Cruz Vermelha e da Alta de Lisboa.

A escolha do tema – música - prende-se com o facto de haver muitos músicos presentes na toponímia daquela área, com artérias como Alameda da Música, Rua Ferrer Trindade ou Rua Luís Piçarra.

O tema escolhido, referiu Hugo Cardoso da Galeria de Arte Urbana (GAU), que organiza o festival, permitiu “alargar aquilo que é o âmbito da Arte Urbana”, com “intervenções que têm um músico e um artista visual a trabalharem juntos: Peeta e NBC; Third e Tó Trips; Pantónio e Surma”.

A intervenção de Third acontece na Rua Maria Alice, “uma cantadeira de fado dos anos 1930”, cuja história lhe serviu de inspiração. O artista “está a construir a história de Maria Alice, que se desenvolve ao longo de sete prédios, e o Tó Trips tem sete painéis para musicar como se fosse uma história”, contou Hugo Cardoso.

Já o italiano Peeta, “que trabalha muito [a técnica] 3D [três dimensões], está num túnel e vai fazer o túnel saltar lá de dentro”.

Pantónio está a fazer uma intervenção “cheia de movimento, que liga quatro empenas, todas viradas para uma praceta”.

Durante o festival haverá junto a cada uma destas intervenções “um código que as pessoas podem ler [através dos telemóveis] e ouvir [os temas criados pelos músicos] ou receber uns 'headphones' e, através deles, ouvir as músicas criadas”.

Entre os artistas convidados do 3.º Muro está também o venezuelano Flix, atualmente a residir em Lisboa, cuja intervenção acontece em 24 caixas de eletricidade.

Apesar de o festival ter um tema, os artistas têm “total liberdade” para criar.

“Há uma temática base, mas depois qualquer um deles tem liberdade para pensar como quer fazer a intervenção. Não há absolutas restrições e isso permite-nos ter surpresas”, como a escultura, em madeira, de uma fadista, que vai surgir numa rotunda pelas mãos de Glam, ou a intervenção em ferro num tapume do italiano Fulviet.

Além de intervirem no território, os artistas são desafiados a participarem em 'workshops' com a comunidade, que são planeados pela GAU com conjunto com as entidades que trabalham naquela zona.

“Estamos desde agosto do ano passado a conhecer o território e trabalhamos muito com todas as entidades que aqui estão”, disse Hugo Cardoso, referindo, a título de exemplo, que a Agência Calipo tem estado “a desenvolver oficinas de cinotipia [processo de impressão fotográfica] e fotografia com a comunidade, muito ligado à associação de moradores do Bairro da Cruz Vermelha, que vai resultar numa exposição na rua”.

Além disso, os elementos da Agência Calipo têm estado, à semelhança das edições anteriores, “a retratar o bairro - o espaço e as pessoas - e isso resulta numa outra exposição”.

Tamara Alves, Utopia e MynameisnotSEM são outros artistas envolvidos nos 'workshops' comunitários.

Além deste trabalho com a comunidade local, nos dias em que decorre o festival haverá 'workshops' abertos a escolas (hoje e na sexta-feira) e a toda a população (no sábado e no domingo).

A programação da 3.ª edição do Muro integra ainda visitas guiadas, animação de rua, concertos e a conferência “Arte Urbana e Direito”.

Na lista de artistas que participam nesta edição, além dos já mencionados, estão ainda o argentino San Spiga, o coletivo italiano NSN997, o brasileiro Muzai e os portugueses Miguel Brum, Ozearv, Costah, El Tvfer One, Mosaik, Regg, Samina e Carolina Caldeira.

A programação completa do Muro pode ser consultada em aqui.

A GAU foi criada em 2009, como parte de uma estratégia da Câmara Municipal de Lisboa de, por um lado, valorizar uma expressão artística, e, por outro, valorizar um instrumento de gestão de uma dimensão da cidade.

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