O álbum, ainda sem título, tem edição prevista para a primavera de 2020, mas os Clã decidiram revelar hoje “Tudo no Amor”, uma canção que, de acordo com a vocalista da banda, Manuela Azevedo, “tinha muito a cara do Sérgio Godinho”.
“Nós mandámos-lhe a maquete, a meia canção como costumamos dizer, e logo veio uma proposta de letra que encaixou perfeitamente: um texto maravilhoso do Sérgio sobre a luz e a sombra no amor, nas paixões e nas relações, que encaixa muito bem na composição do Hélder [Gonçalves, guitarrista da banda]”, contou Manuela Azevedo em declarações à Lusa.
Sérgio Godinho, à semelhança de Carlos Tê, Arnaldo Antunes e Samuel Úria, voltam no novo álbum a escrever letras para as composições de Hélder Gonçalves. Mas há também uma estreante: a ‘rapper’ Capicua.
“O convite à Capicua surgiu de virmos acompanhando o trabalho dela e a forma como escreve, para ela e para outros. Percebe-se que é alguém que ama muito a língua portuguesa e isso é sempre um bom ponto de partida para nos encontrarmos a fazer canções”, explicou Manuela Azevedo.
Os convites aos ‘letristas’ partem, “por um lado, da admiração pelo trabalho desses autores, pela maneira como escrevem e pela sua personalidade criativa”.
Além disso, por perceberam “que nessa personalidade criativa que há ali um território comum ou um território não tão comum”, que “desafia e entusiasma” os elementos dos Clã.
“E é sempre esse o motivo que está por detrás de um convite para colaborarmos, seja para escrever letras, seja para partilhar o palco”, referiu Manuela Azevedo.
O processo de criação de um álbum, explicou Hélder Gonçalves, “varia muito”. No caso do que será editado na Primavera, sucessor de “Corrente” (2014), “as canções estavam já todas escritas, sem letra” quando foram enviadas para os letristas.
“Isto é sempre um puzzle muito complicado porque tens que imaginar se aquela pessoa vai gostar da música ou se a vai desafiar. Já mais do que uma vez também pensámos ao contrário, ‘isto se calhar não é o tipo de coisa que esta pessoa escreve, mas vamos desafiá-la a fazer isto’, para tentar também descobrir caminhos novos entre todos, descobrir uma linguagem que seja mais do que só um pedacinho de um e um pedacinho do outro”, afirmou o músico.
Os temas já chegam às mãos dos letristas “com uma identidade qualquer”, embora isso seja “muito subjetivo, porque uma canção pode falar de muita coisa”.
“O que nós gostamos muito é que as pessoas que escrevem as letras ouçam e tentem perceber um bocadinho essa atmosfera, esse universo que já vai de alguma forma na forma de interpretar, de cantar na onda da música. É muito raro as pessoas que escrevem para nós não perceberem o que nós estamos a tentar construir numa canção, o que não quer dizer que acertem à primeira”, referiu Hélder Gonçalves.
Os temas do novo álbum estão preparados para receber letras “desde o final do ano passado”. “E este ano foi só praticamente este trabalho sobre os textos, sobre as letras, à procura da coisa certa, da coisa ideal, e contínua, na realidade”, partilhou.
Até à primavera “há pormenores a ultimar”.
Manuela Azevedo especifica tratar-se de uma ou outra canção “com a letra ainda pendente” e “algum trabalho de estúdio que ainda falta fazer e aprimorar.
Este novo álbum traz também uma nova formação da banda. No verão deste ano, após quase 27 anos com a mesma formação, os Clã anunciaram a saída de dois dos elementos originais: Pedro Rito (baixo) e Fernando Gonçalves (bateria).
“Haver dois músicos novos – Pedro Oliveira (bateria) e Pedro Santos (baixo) – acaba por contaminar, de alguma maneira, a banda, não ficamos iguais, mas aquilo que é a marca principal da música dos Clã, que vem muito da composição do Hélder mantém-se a mesma, nesse sentido acaba por manter os Clã os de sempre, apesar de haver esta mudança de elementos”, referiu Manuela Azevedo.
Hélder Gonçalves corrobora: “eles estão a substituir músicos na mesma função, não tirámos um baterista e um baixista e acrescentámos dois saxofonistas, a função é a mesma e a ideia é manter o mesmo processo de trabalho, com o ‘input’ novo deles”.
Os Clã integram ainda Miguel Ferreira (sintetizadores) e Pedro Biscaia (teclas).
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