Os editores portugueses questionados pela Lusa sobre os resultados da Feira, que terminou no passado domingo, dividem-se entre não revelar nada, fazendo jus ao provérbio “o segredo é a alma do negócio", e os que adiantaram alguns títulos, como o de Paolo Cognetti, que será editado em Portugal pelas Publicações D. Quixote.

Segundo fonte da editora do Grupo LeYa, este foi “um romance que apaixonou editores em todo o mundo e que tem vindo a ser bastante disputado”.

“Ainda por publicar - sairá em novembro em Itália, na Einaudi, foi adquirido pelas grandes editoras mundiais como a Penguin Random House ou Intríseca no Brasil”, disse a mesma fonte que rematou: “Os seus direitos já foram vendidos para 26 países”.

Neste grupo editorial, a Asa garantiu “4321”, de Paul Auster, romance com mais de 1.000 páginas, que é o primeiro do autor norte-americano em sete anos, e que será publicado “em simultâneo, com a edição norte-americana, para celebrar os 70 anos” do escritor, e a Teorema comprou os direitos de “Today Will Be Different”, de Maria Semple, a autora de “Até ao Fim do Mundo”.

Para a Editorial Presença, a feira de Frankfurt “continua a ser o grande certame do livro a nível internacional, com representações de todo o mundo, tendo sido visitada por milhares de pessoas”, disse à Lusa o editor João Trinité.

Esta editora, que adquiriu vários títulos, entreos quais o 'thriller' psicológico “Woman in the Window”, de A.J. Finn, o certame registou “uma afluência de público superior ao ano passado”.

Com o selo da Presença serão ainda publicados, ao longo de 2017, “O Nome da Morte”, de Klever Cavalcanti, um trabalho de investigação jornalística sobre a vida de um mercenário no Brasil, responsável pela morte de 492 pessoas, “Homegoing”, o romance de estreia da autora de origem ganesa Yaa Giasi.

A editora liderada por Francisco Espadinha conta ainda publicar “Imagine Me Gone”, de Adam Haslett, autor que já recebeu um Pulitzer, tendo esta obra sido finalista do National Book Award, este ano, e “A Column of Fire”, de Ken Follet, da saga que inclui “Os Pilares da Terra” e “O Mundo Sem Fim”.

A editora Saída de Emergência, que não quis adiantar títulos, limitou-se a afirmar que está “em vias de fechar uma aquisição importante para o [seu] catálogo de ficção da Chá das Cinco”.

“Temos talvez cinco ou seis propostas na área de não-ficção, literatura romântica e ficção estrangeira, que estamos a ponderar adquirir para o nosso grupo”, disse a mesma fonte, adiantando o interese em “internacionalizar” a escritora Sónia Louro, autora de biografias de Amália Rodrigues, Eusébio e Aristides de Sousa Mendes.

Segundo afirmou fonte desta editora, “foram feitas reuniöes com agentes brasileiros e europeus nesse sentido”.

Para esta editora portuguesa, “foi uma feira produtiva, embora o modelo que se impôs de maratona de reuniões ao longo de vários dias seja cansativo e talvez nem sempre o mais adequado”.

O diretor editorial da Paulus Editora, padre José Carlos Nunes, fez à Lusa “um balanço muito positivo da presença na Feira do Livro de Frankfurt”.

O sacerdote disse que houve “muito boa aceitação das obras em vista do centenário das aparições de Fátima e das obras da coleção ‘para crentes e não-crentes’”.

A Paulus foi contactada por 16 editoras, de dez países, que “mostram interesse também nos autores de referência, dos quais se destaca José Luís Nunes Martins, com as obras ‘Amor, Silêncios e Tempestades’ e ‘Os Infinitos do Amor’”, segundo fonte da editora católica.

“Os grandes temas da Bioética também despertaram curiosidade por parte das editoras internacionais, esta área, os títulos que despertaram maior interesse foram ‘Cuidados Paliativos’ e ‘E Deus fez-Se célula’, sobre o mistério da Encarnação e a origem da vida à luz da fé”, disse a mesma fonte.

O livro de frei Isidro Lamelas, “As origens do Cristianismo”, foi, dentro da área da Teologia, o que maior atenção despertou, realçou a mesma fonte.

José Carlos Nunes afirmou que procurou novos autores e de temas de espiritualidade com abordagens “mais contemporâneas” com uma “perspetiva mais pastoral e menos teológica”.

A Bíblia permanecerá como uma das prioridades, mas “numa abordagem mais próxima das pessoas”.

Na bagagem, o diretor da Paulus Editora trouxe vários acordos com a Livraria Vaticana, principalmente para obras relacionadas com o Papa Francisco e que visam atualizar o Concílio Vaticano II para a atualidade.

A coleção “YOUCAT” é uma grande aposta da editora, da qual continuará a ser a distribuidora oficial para a Língua Portuguesa.

Além da temática da espiritualidade, o padre José Carlos Nunes referiu que a Paulus Editora está a analisar vários títulos dentro da área da autoestima, da pedagogia e das questões sobre a família.