No ano em que se cumprem os 500 anos da morte de Da Vinci, o Museu de Arte de Macau, com 20 anos de existência, concretizou por fim o “desejo antigo” de trabalhar com o “primeiro museu público do mundo”, disse à agência Lusa a curadora do MAM, Margarida Saraiva.
“Era um desejo antigo trabalharmos com o British Museu, que tem uma das maiores coleções de arte do mundo. Nesta ocasião juntou-se a celebração do 20.º aniversário do MAM e os 500 anos da morte” do autor de Mona Lisa, explicou à margem da inauguração.
A mostra apresenta 52 desenhos originais de 42 mestres da Renascença italiana – entre da Vinci, Michelangelo, Ticiano, Rafael, Rosso Fiorentino, Mantegna e Correggio – e explora a importância do desenho no processo criativo dos artistas entre 1470 e 1580.
Em Macau, uma terra que “sempre foi uma plataforma de arte” e onde o missionário renascentista italiano Matteo Ricci esteve “durante alguns anos”, a exposição serve também para falar deste antigo enclave português como “um lugar de encontros”, sublinhou a curadora.
“O papel, a base de qualquer desenho, é uma invenção chinesa. É a grande disponibilidade de desenho de papel na Itália da Renascença que faz com que o desenho tenha a importância que tem”, recordou.
Mas se Itália deve à China o papel, a China deve aos italianos a “perspetiva”, introduzida na corte chinesa por Matteo Ricci em 1601, através de um mapa-mundo que já descrevia “todas as descobertas geográficas que acompanham o período da Renascença”.
Impresso na China um ano depois, o mapa fez com que a perspetiva passasse a ter, desde então, um “impacto na arte produzida na China”, salientou.
A exposição, intitulada “Desenhos da Renascença Italiana do British Museum” e que pretende ser inclusiva – foram usadas técnicas de impressão 3D para criar experiências táteis de algumas das obras de arte apresentadas -, está patente no MAM até 30 de junho.
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