A “One – o mar como nunca o sentiu”, assim se chama a "exposição imersiva”, fará parte da rota dos eventos da Lisboa Capital verde Europeia 2020, mas deverá ir muito além. João Falcato, presidente do Conselho de Administração do Oceanário de Lisboa, disse aos jornalistas que a “One” é uma exposição temporária mas sem data para terminar, adiantando que com esta nova atração o Oceanário passa a ter uma “experiência integrada”, porque a “One” complementa a exposição das Florestas Submersas e a parte do aquário.
A exposição, que será oficialmente inaugurada no sábado com a presença do primeiro-ministro, António Costa, do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e do secretário-geral da ONU, António Guterres, no arranque da Lisboa Capital verde Europeia 2020, abre ao público no domingo.
Na nova exposição vai sentir-se que o homem e o oceano estão ligados e que tudo está dependente de equilíbrios, afirma o responsável, salientando que todas as imagens foram feitas em Portugal. “Temos uma biodiversidade única, temos os maiores predadores do mundo e os peixes mais pequenos e bonitos”, diz.
A “One” é uma exposição que começa por um corredor escuro e se abre numa sala com 10 ecrãs de vídeo gigantes, com mar dos dois lados. E peixes.
Nela tem-se a sensação que se está a ir para o fundo do mar ou que se mergulha com os peixes. Sentem-se a força das ondas, o mar selvagem dos Açores, os golfinhos no Algarve, a tranquilidade das águas profundas.
Com música e sons do mar, há também um homem que fala de uma gaivota, há frases em várias línguas, há baleias e tubarões, há golfinhos, tartarugas, mantas, cavalas, até medusas e ctenóforos. E há um pescador que se ouve a dizer: “já não me sinto bem a matar o peixe”.
Tudo pela mão de Maya Almeida, a artista portuguesa que vive em Londres há mais de duas décadas e que teve com ela a concretizar o projeto 11 equipas de filmagens.
Maya Almeida é bióloga e especializou-se em medicina tropical mas faz mergulho em apneia desde criança e foi atleta (representou o Benfica em competições europeias de natação), paixões que não suplantam as que tem pela fotografia e pela dança (fez ballet durante alguns anos).
Alguns dos planos debaixo de água que se veem na exposição foram por ela filmados, e foi a própria artista quem fez todos os testes, antes de as equipas começarem as filmagens.
“Faço a parte toda técnica e 90% das vezes estive na água com as equipas, mas não pegava sempre nas máquinas”, diz aos jornalistas.
Experiente em fotografia subaquática (incluindo dança subaquática) a artista diz que nas filmagens houve uma aproximação aos peixes diferente do habitual e que com as baleias as equipas nunca se aproximaram, mas antes esperaram que elas se aproximassem.
As equipas estiveram cinco meses no mar, filmando desde baleias a micro-organismos, falando com pessoas ligadas ao mar, gravando as “ondas dantescas” da Nazaré ou a natureza pura do grupo central dos Açores.
E depois foi o trabalho técnico. Conta Maya que inclusivamente foi usada inteligência artificial, que todo o sistema de som foi recriado num armazém em Londres e que foi lá também que se fez “o trabalho de cor”. Porque para projetar imagens de grande tamanho em 10 ecrãs em simultâneo “é preciso adaptar muito”.
Contas feitas, o projeto de Maya demorou dois anos a concretizar, e resultou, nas palavras da artista, num “projeto que gera emoções”.
“Espero que seja uma obra que toque as pessoas, que cada um tenha uma viagem pessoal. Não conhecia o meu país antes deste projeto, descobri a beleza do mar português, um mar que une as pessoas do mundo inteiro”, disse.
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