As observações, cujos resultados são publicados na revista científica Nature, foram feitas com o telescópio VLT (Very Large Telescope, Telescópio Muito Grande), no Chile, operado pelo Observatório Europeu do Sul (OES), organização astronómica da qual Portugal faz parte.
Em comunicado, o OES assinala que a descoberta poderá ter “muitas consequências” para a compreensão da evolução e das propriedades das galáxias.
“Se a formação de estrelas está a ocorrer realmente, em grande parte, em ventos galácticos, como defendem algumas teorias, tal poderá representar um novo cenário para a compreensão da evolução das galáxias”, afirmou o líder da equipa de astrónomos europeus, Roberto Maiolino, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, citado no comunicado do OES.
A equipa, que não integra nenhum português, observou ventos colossais de matéria gerados perto de um buraco negro ‘supermassivo’ no centro de uma de duas galáxias em colisão, conhecidas como IRAS F23128-5919, a cerca de 600 milhões de anos-luz da Terra.
Os astrónomos dizem ter detetado o primeiro indício claro de que estrelas estão a nascer nesses ventos de matéria, a uma cadência muito rápida: estrelas com 30 massas solares estarão a ser geradas por ano, o equivalente a mais de um quarto da formação estelar total do sistema binário galáctico em colisão.
Os ventos galácticos são desencadeados pela enorme energia produzida nos centros ativos e turbulentos de galáxias.
Os buracos negros (zonas de onde nada consegue escapar, nem mesmo a luz) ‘supermassivos’ estão no centro da maior parte das galáxias e, quando ‘engolem’ a matéria, aquecem o gás circundante e ‘expulsam-no’ da galáxia ‘hospedeira’ através de ventos fortes e densos.
Análises preliminares revelaram que as estrelas recém-formadas nos ventos galácticos da IRAS F23128-5919 terão pouco menos de dezenas de milhões de anos e serão mais quentes e brilhantes do que as estrelas nascidas em ambientes menos extremos, como os de um disco galáctico.
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