O júri do concurso decidiu distinguir a obra deste autor, de 78 anos, nascido em Benguela, "pela originalidade do estratagema narrativo para denunciar com ironia uma história de nepotismo e abuso de poder do próprio sistemas totalitários", atribuindo-lhe o prémio no valor de 20 mil euros.

O livro foi escolhido entre 15 finalistas de um total de 120 obras candidatas a este prémio literário.

Pepetela sucede assim ao autor português Luís Quintais, que em 2019 venceu, na categoria de poesia, o galardão máximo do Correntes d'Escritas, encontro de escritores de expressão ibérica que decorre oficialmente a partir de hoje na Póvoa de Varzim.

O escritor angolano não marcará presença no evento, por estar a recuperar, em Luanda, de um problema de saúde, que o impede de viajar, mas fez chegar à organização uma mensagem de agradecimento.

"Ficou muito feliz por me ter sido atribuído o prémio, agradeço à organização e ao júri por esta honra e pelo encorajamento para persistir na escrita", transmitiu Pepetela.

O autor e professor angolano nasceu em Benguela, Angola, em 1941 e frequentou o ensino superior em Lisboa, mas acabando por se licenciar em Sociologia, em Argel, na Argélia, durante o exílio.

Iniciou a sua atividade literária e política na Casa dos Estudantes do Império.

A partir de 1984, foi professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e tem sido dirigente de associações culturais, com destaque para a União de Escritores Angolanos e a Associação Cultural Recreativa Chá de Caxinde.

Em 1997, confirmou o seu lugar de destaque na literatura lusófona ao conquistar o Prémio Camões, sendo então o primeiro autor angolano e segundo autor africano a ser escolhido para o galardão.

Em relação às restantes distinções literárias atribuídas pelo Correntes D'Escritas, Ana Sofia Trigo, de pseudómino Jieun, com a obra de poesia "Relógios Parados", venceu o prémio Papelaria Locus, o trabalho "Tempestade no Rio", dos alunos do 4.º C da Escola Básica da Venda do Pinheiro, venceu o prémio Conto Infantil Ilustrado/Porto Editora, enquanto "Ala Ala Arriba”, de Álvaro Maio, venceu o prémio Fundação Luís Rainha.

Para esta 21.ª edição do Correntes d'Escritas, a organização convidou 107 autores de expressão ibérica, de 14 nacionalidades, havendo 30 escritores que participam pela primeira vez no evento, que se desenrolará, com múltiplas atividades, até 23 de fevereiro.

Além de Hélia Correia, destacam-se escritores portugueses como Afonso Cruz, Ana Luísa Amaral, Ana Margarida de Carvalho, Gonçalo M. Tavares, Isabel Rio Novo, Jaime Rocha, João de Melo, José Gardeazabal, Luísa Costa Gomes, Patrícia Portela, Ricardo Araújo Pereira e Rita Taborda Duarte.

Do universo lusófono, estão anunciados autores como Germano Almeida e Mário Lúcio, de Cabo Verde, Abdulai Silá e Conduto de Pina, da Guiné-Bissau, Hirondina Joshua, de Moçambique, e Manuel Rui e David Capelenguela, de Angola.

Durante o certame vão realizar-se 10 mesas redondas, no Cine-Teatro Garrett, ponto central das atividades do Correntes D' Escritas, onde escritores e público vão interagir no debate de temas variados. Vão decorrer ainda várias iniciativas paralelas, como lançamentos de livros, ações de formação, concertos e exposições, e visitas a escolas por vários dos autores participantes.

[Notícia atualizada às 13:45]

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