O Prémio Literário Armando da Silva Carvalho, instituído pela Câmara Municipal de Óbidos, “destina-se a premiar, com periodicidade anual, uma obra de poesia, escrita em língua Portuguesa, cuja primeira edição tenha sido publicada em qualquer país da lusofonia”, estipula o regulamento publicado hoje no Diário da República (DR).

A publicação do regulamento marca o arranque da primeira edição do prémio, que “pretende promover a divulgação da cultura e do património literário da lusofonia e contribuir para a defesa e enriquecimento da língua portuguesa, bem como homenagear o autor natural deste concelho”.

As obras concorrentes, obrigatoriamente escritas em língua portuguesa, devem ser enviadas até ao dia 31 de maio de cada ano, não sendo aceites “obras póstumas”.

O vencedor será escolhido por “um júri composto por um mínimo de três e um máximo de cinco personalidades de reconhecido mérito no âmbito cultural, cabendo a Presidência à Câmara Municipal de Óbidos, através do Serviço Óbidos Vila Literária”, pode ler-se no regulamento.

O júri poderá deliberar a não atribuição de qualquer prémio, “caso considere que os trabalhos apresentados não reúnem condições ou qualidade que o justifiquem” e nos casos em que o prémio seja atribuído não haverá lugar a recurso da decisão.

O anúncio do vencedor será feito durante o Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos, e fará parte da programação do Folio Autores.

O vencedor do Prémio Literário Armando Silva Carvalho receberá uma viagem a uma das cidades da rede de Cidades Criativas da Literatura UNESCO, que “promoverá o autor e a sua obra, organizando tertúlias, mesas redondas e encontros públicos com outros poetas”, refere o regulamento.

Armando da Silva Carvalho (28 de março de 1938 - 01 de junho de 2017) foi um poeta e tradutor português, nascido no Olho Marinho, no concelho de Óbidos, onde desenvolveu grande parte da obra que lhe valeu diversos prémios.

É o autor, entre outras obras, de "A Sombra do Mar" (2017), "De Amore" (2012), "Anthero Areia e Água" (2010), "O Amante Japonês" (2009), "Elena e as Mãos dos Homens" (2006), "O Menino ao Colo" (2003), "Três Vezes Deus" e "O Homem Que Sabia a Mar" (2001), "O Cão de Deus" (1995), "Em Nome da Mãe" (1993), "Alexandre Bissexto" (1989).

Reuniu a obra de poesia em "O Que Foi Passado a Limpo" (2007), e escreveu, em parceria com Maria Velho da Costa, "O Livro do Meio" (2006).

Foi advogado, jornalista, professor do ensino secundário, publicitário.

Colaborou na Antologia de Poesia Universitária, em 1959, juntamente com Ruy Belo, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge, Gastão Cruz - os autores que marcaram a literatura portuguesa da época -, e também na Quadrante, revista da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, iniciada em 1958.

Desde a década de 1960 colaborou em jornais e revistas como Diário de Lisboa, Jornal de Letras, O Diário, Poemas Livres, Colóquio-Letras, Hífen, As Escadas Não Têm Degraus, Sílex, Nova, Via Latina e Loreto 13, entre outras publicações.

Publicou, em 1965, “Lírica Consumível” , que marcou o início da sua obra poética e que lhe valeu o Prémio Revelação da antiga Sociedade Portuguesa de Autores.

Em 1969 foi incluido nas "IV Líricas Portuguesas", antologia poética organizada por António Ramos Rosa.Está representado na generalidade das antologias de poesia portuguesa.

Na ficção escreveu, entre outras obras, “Portuguex”, publicada em 1977, "A vingança de Maria de Noronha", em 1988, o teatro do "Auto da Branca de Neve", representado na Culturgest, em 2007.

Recebeu ainda os prémios P.E.N. Clube Português de Poesia (1996 e 2016), Luís Miguel Nava (2000), Fernando Namora(2003), Grande Prémio de Poesia Associação Portuguesa de Escritores (APE) (2008), Grande Prémio de Literatura dst(2014), Prémio Autores de 2016 e Prémio Literário Fundação Inês de Castro (2016).

Óbidos é, desde 2015, Cidade Criativa da Literatura na Rede de Cidades Criativas da UNESCO, pelo que a instituição do prémio “reflete a responsabilidade de promover a leitura, a literatura e o desenvolvimento do território, em simultâneo, com estratégias de proximidade e de defesa do pensamento crítico no espaço da língua portuguesa”, sublinha o regulamento.