A fadista, que fará 35 anos esta semana, explicou que esta é a decisão mais difícil que já tomou. "Decidi parar de cantar, já parei", afirmou emocionada a cantora, que diz ter dado o seu último concerto em outubro, nos Armazéns do Chiado, em Lisboa.

“Nesse concerto disse às pessoas que ia partir para uma fase nova da minha vida a um ritmo menos veloz. Porque o ritmo da vida artística, é rápido, é tão rápido. É tudo tanto, e ao mesmo tempo, que deixei de conseguir acompanhar", disse.

"Cheguei a uma fase em que estava doente", acrescentando que "já estava muito incapaz há muito tempo. Fui para lá do meu limite”.

"Eu trabalho com emoções, não canto nunca a feijões. Não há uma vírgula poética que eu cante porque sim. Não me proponho a fazer mais ou menos, nunca. No último ano e meio subi a palco, muitas vezes, doente, sem nada para cantar", continuou.

Nos últimos meses, Raquel Tavares assumiu atuar várias vezes doente, com febre, tendo também perdido dez quilos. “Neste momento cantar é uma coisa que me faz mal. Na minha cabeça, este é um ponto final”, garante.

“Antes de sermos artistas, somos pessoas. Temos vidas difíceis (...) Eu não sou uma figura pública, sou artista e gosto é de cantar", disse à apresentadora da SIC.

A fadista agradeceu ainda às oportunidades que o público lhe deu, a quem diz "ser muito grata", e pediu desculpa por algumas situações, como não estar disponível para dar autógrafos depois de um concerto.

"Chego a casa e sinto-me muito sozinha. Aos 35 anos, o que é que eu tenho? Tu já tens um filho, eu não tenho. Tu tens a tua  mãe lá em casa, eu não tenho. Estamos rodeados de gente, a gritar, mas ninguém nos ouve”, diz visivelmente emocionada e pedindo desculpa por "poder estar a ser muito agressiva".

"Deixo muita gente na mão, e desculpem-me por isso. Já não dava mais", termina.

Sobre o futuro? "Não tenho medo de trabalhar" diz assegurando "que vai tentar outras hipóteses".

A conversa termina com a fadista abraçada a Cristina Ferreira. Em lágrimas, Raquel Tavares pede: "deixem-me ser, deixem-me só ser".

Raquel Tavares editou quatro álbuns de estúdio: "Porque Canto Fado" (1999), "Raquel Tavares" (2006), "Bairro" (2008) e "Raquel" (2016).