À agência Lusa, Sérgio Tréfaut explicou que fará a rodagem a partir de dezembro, com filmagens no Curdistão e no Iraque, onde já fez trabalho de pré-produção, ao mesmo tempo que está ainda em fase de escolha da protagonista e termina a montagem financeira do projeto.
O filme tem um orçamento previsto de 1,4 milhões de euros, conta com apoio financeiro em Portugal e coprodução com França e Alemanha.
Na quarta-feira, este projeto de Tréfaut recebeu um prémio de cinco mil euros no fórum de coproduções europeias organizado em paralelo ao Festival de Cinema de Sevilha, que contou com Portugal como país convidado.
Na sinopse lê-se que “A noiva” é sobre uma adolescente europeia, de famílias cristãs, que “foge de casa para casar com um guerrilheiro do [Estado Islâmico]. Torna-se uma noiva da Jihad. Três anos mais tarde a sua vida mudou dramaticamente. Vive num campo de prisioneiros no Iraque. É mãe de dois filhos e está gravida outra vez. É viúva de dois jihadistas e será brevemente julgada em tribunal”.
“Não tenho nenhum interesse particular na questão dos extremismos. Fui estudando o que se disse sobre os grupos de pais de jihadistas que foram embora e não entendiam o que tinha acontecido aos filhos. Eu tenho uma visão que não é nada religiosa ou política sobre a história. É tentar entender aqueles adolescentes que escorregaram na casca da banana”, disse Sérgio Tréfaut à Lusa.
O realizador explicou que passou um ano a fazer trabalho de pesquisa, leituras, visionamento de reportagens.
“Depois adapto à minha maneira de fazer ficção, que nada tem de reportagem, é bastante conceptual”, esclareceu.
Nas notas de produção, o realizador explica que o filme será rodado sobretudo no Curdistão iraquiano, com equipa local de filmagens, e onde já esteve várias vezes em ocasiões anteriores, e ainda em algumas zonas destruídas de Mossul, palco de violentos confrontos em 2016 e 2017 entre forças iraquianas e jihadistas.
Sérgio Tréfaut, 55 anos, trabalha há quase 30 em cinema, tendo sido diretor do festival DocLisboa, e enquanto produtor, argumentista, realizador, desdobrando-se entre o documentário e a ficção.
É autor de filmes premiados como “Outro país” (1998), “Lisboetas” (2004), “Viagem a Portugal” (2011), “Alentejo, Alentejo” (2013) e “Raiva” (2018).
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