O filme do cineasta Flávio Cruz estreia no domingo, às 21:00, e resulta do projeto de recolha e registo das tradições do concelho, promovido pela câmara da capital do Alto Minho, entre maio de 2016 e em janeiro deste ano.

"Sinto-me honrado por ter realizado um projeto tão aliciante. Senti uma responsabilidade redobrada por ser natural do concelho e por ter uma ligação muito forte à cultura tradicional e às práticas associativas amadoras", disse hoje o realizador na conferência de imprensa de apresentação do documentário.

No encontro com os jornalistas no Serviço de Atendimento ao Munícipe (SAM), Flávio Cruz, que faz parte do Grupo Etnográfico da Areosa, explicou que o filme "fala das pessoas que estão por trás das tradições" de Viana do Castelo.

"As pessoas que fazem os andores, os cestos de flores, os tapetes floridos, que integram os cortejos. Este documentário ajuda a perceber a emoção e entrega dessas pessoas", disse.

O realizador adiantou que a recolha "veio permitir juntar um espólio muito rico e muito importante para a preservação da memória de Viana do Castelo".

Acrescentou que a "Herança" retrata a "emoção, alegria e funde várias histórias, algumas delas inéditas". Referindo-se ao nome atribuído ao filme disse refletir "o sentimento que fica deste trabalho, que as tradições de Viana do Castelo são antigas mas, fruto do trabalho de pais e avós, não vão morrer porque as novas gerações vão assegurar a sua continuidade".

O músico Luís Pinheiro, que assina a banda sonora do filme, explicou que as músicas "foram criadas a partir de temas tradicionais como Vira de Alvarães, Santa Marta e a Chula da Meadela que ressurgem com nova roupagem, ao som da concertina".

"O objetivo foi extrair uma musicalidade mais contemporânea da concertina para que a sonoridade não se aproximasse do que costumamos ouvir nos grupos folclóricos e que tivesse um enquadramento musical mais cinematográfico", explicou o músico de 27 anos, natural de Forjães, em Esposende e que integra o grupo "Sons do Minho".

Presente no encontro com os jornalistas, o presidente da câmara explicou que o trabalho de recolha lançado em 2016 teve como objetivo "colmatar uma lacuna" sentido no concelho mas deve ser encarado também como uma "homenagem a todas as comissões de festas que fazem um grande trabalho".

"É um hino de louvor a todas pessoas que, ao longo do ano, prepararam todas as festas do concelho e que transformaram Viana do Castelo numa grande montra que se consolidar com a Romaria d'Agonia", disse José Maria Costa.

O autarca socialista adiantou tratar-se de "um acervo documental fabuloso e muito importante para o Museu do Traje, que estará disponível para as escolas e investigadores da área da etnografia".

A vereadora da Cultura, Maria José Guerreiro, sublinhou que este trabalho integrará o acerco do Museu do Traje e funcionará como "porta de entrada dos visitantes nas tradições do concelho", através das plataformas tecnológicas que serão criadas naquele equipamento.

Maria José Guerreiro disse que "este é o primeiro" documentário, admitindo que o trabalho de recolha e registo das tradições poderá ter continuidade.

Este registo implicou a presença de fotógrafos, três operadores de câmara e um operador áudio, a entrega de fotografias originais e tratadas e, em registo vídeo, o registo com ‘drone', ‘gimbal', câmara móvel, produção de vídeos independentes para cada festa ou romaria, produção de um vídeo geral sobre as festas e produção de pequenas entrevistas aos intervenientes.

O trabalho integrou também o registo áudio e a criação de uma biblioteca de sons e o acompanhamento da inserção dos vídeos e áudio no Museu do Traje.