“Encerrado ao público desde 13 de março, o Teatro Nacional D. Maria II volta a abrir portas nos dias 20 e 21 de junho, com duas apresentações de ‘By Heart’, na Sala Garrett. Criado e interpretado por Tiago Rodrigues, o espetáculo estreou-se em 2013, em Lisboa. Desde então, foi apresentado cerca de 250 vezes em 20 países, em todo o mundo”, refere o Teatro Nacional D.Maria II num comunicado hoje divulgado.

As salas de cinema, teatro e espetáculos em Portugal tiveram autorização para reabrir, no âmbito do “Plano de Desconfinamento” do Governo, a partir de 01 de junho, ao fim de quase três meses encerradas.

Inicialmente, o Teatro Nacional D. Maria II anunciou que os espetáculos de sala só recomeçariam em setembro, embora o edifício situado no Rossio já tivesse aberto portas e iniciado o trabalho sobre os espetáculos da temporada que ficaram “pendurados”, com a suspensão das atividades, em março.

As apresentações de “By Heart” estão marcadas para a Sala Garrett, que, devido às regras impostas pela Direção-Geral da Saúde, “contará com uma lotação de 198 lugares (cerca de 50% da sua lotação total)”.

Segundo as mesmas regras, lembra o teatro, “o público deve utilizar obrigatoriamente máscara durante toda a sessão”.

Os bilhetes para as sessões dos dias 20, às 20:00, e 21 de junho, às 18:00, “já estão disponíveis para compra exclusivamente ‘online’ no ‘site’ do D. Maria II, com valores entre 6 e 12 euros”, e “a receita de bilheteira das duas apresentações reverterá para um Fundo de Apoio aos Profissionais da Cultura”.

O Teatro Nacional D. Maria II refere que, “em breve, anunciará outras iniciativas que serão apresentadas ao público durante as próximas semanas”.

“By Heart” estreou-se em 2013 no Teatro Municipal Maria Matos, em Lisboa, e foi apresentada pela primeira vez no Teatro Nacional D. Maria II em 2016, onde regressou em fevereiro do ano passado.

De acordo com a fola de sala do espetáculo, em “By Heart”, Tiago Rodrigues ensina um poema a 10 pessoas.

“Essas 10 pessoas nunca viram o espetáculo e não faziam ideia do poema que iam aprender à frente do público. Enquanto os ensina, Tiago Rodrigues vai desfiando histórias sobre a sua avó quase-cega, misturadas com histórias sobre escritores e personagens de livros que, de algum modo, estão ligados à sua avó e a ele próprio. (…) E à medida que cada par de versos vai sendo ensinado, vão emergindo ligações improváveis” entre autores “e uma cozinheira do norte de Portugal e um programa de televisão holandesa chamado Beleza e Consolação. E o mistério da escolha do poema” vai sendo esclarecido.

“By Heart” é assim “uma peça sobre a importância da transmissão, do invisível contrabando de palavras e ideias, que apenas o guardar um texto na memória pode oferecer”.

A obra, para a qual Tiago Rodrigues contou com a proximidade do ensaísta George Steiner (1929-2020), vai ao encontro do argumento do professor, numa entrevista que concedeu, exatamente ao programa holandês de televisão “Beleza e Consolação”: “Assim que 10 pessoas sabem um poema de cor, não há nada que a KGB, a CIA ou a Gestapo possam fazer. Esse poema vai sobreviver”. Em última análise, “By Heart” é um processo de “recruta para a resistência que só termina quando os 10 guerrilheiros souberem o poema de cor”, afirma o teatro nacional.