Ouça aqui a conversa com Graça Fonseca:

Decidiu abandonar o cargo de ministra muito antes das últimas eleições e, posteriormente, renunciou também ao cargo de deputada. Para trás, fica também o percurso como vereadora da Câmara de Lisboa, funções nas quais foi “muito feliz”. Afastadas dos holofotes, Graça Fonseca optou por dar um tempo e afastar-se do serviço público. “Ao final de 25 anos de funções públicas, em várias áreas e funções, tomei a decisão de suspender a minha presença em lugares públicos. A vida democrática também ganha com essa ausência, mesmo que seja até breve”.

Nestes 50 minutos de conversa, a ex ministra fala de tudo: das controvérsias – é porventura a única mulher que ocupou um cargo de ministra e tem uma secção intitulada “controvérsias” na Wikipédia -, do assumir da sua homossexualidade, do poder como exercício de serviço para o Outro, dos tempos dos cidadãos, que nem sempre batem certo com os tempos dos circuitos orçamentais, da maldade das pessoas. Diz ela: “Senti muitas vezes uma agressividade na comunicação, nas redes sociais, comentários que não acredito que fossem ditos a homens”.

Apesar das lutas, Graça Fonseca é uma otimista nata. “Senti sempre que havia um olhar e enfoque sobre mim muito particular, por ser mulher, por assumir publicamente a minha orientação sexual”, e acrescenta: “No meio da uma gigante polémica, daquelas que me aconteceram, por causa de uma palavra, de uma resposta tirada de contexto, assumi que ia enfrentar e aceitei ir a uma entrevista de televisão à hora de almoço. A agressividade e má educação com que a entrevista foi conduzida não seria assim se eu fosse um homem. Outra pessoa teria abandonado o estúdio”.