Marcada pela pandemia e pelas suas restrições, a nova temporada, que abre a 11 de setembro, aposta na orquestra residente e nos seus solistas, escolhe “grandes peças sinfónicas”, mantém-se atenta aos 250 anos do nascimento de Beethoven, prosseguindo a integral das sinfonias do compositor alemão, e conta com a versão de palco da ópera “Dido e Eneias”, de Henry Purcell, entre outras propostas. Fará ainda a estreia absoluta de “Point of Departure”, de Jorge Filipe Pinto Ramos.
A propagação da covid-19, que parou a programação anterior em março, e “a imprevisibilidade” da doença, provocada pelo novo coronavírus, sustentam no entanto uma divulgação mais cautelosa, limitada apenas aos primeiros quatro meses da programação, de setembro a dezembro, embora a Fundação, contactada pela agência Lusa, garanta que “haverá Temporada 2020/21 completa”, a divulgar ao longo do ano.
“Neste início de temporada, marcado pelas restrições impostas pela pandemia, a Gulbenkian Música aposta numa programação centrada na sua Orquestra residente, dirigida por maestros como Lorenzo Viotti, Giancarlo Guerrero, Leonardo García Alarcón, Hannu Lintu, Juanjo Mena, Mihhail Gerts, Nuno Coelho e José Eduardo Gomes”, diz a fundação, no anúncio da programação.
A Orquestra Gulbenkian juntar-se-á, pela primeira vez, à pianista Martha Argerich para, sob a batuta do maestro titular, Lorenzo Viotti, oferecer uma das peças maiores do reportório russo: o Concerto para Piano e Orquestra n.º 3, de Sergei Prokofiev (dias 10 e 11 de dezembro).
Argerich, presença regular, ao longo da carreira, nas temporadas Gulbenkian de Música, é uma intérprete destacada de Prokofiev e deste concerto, em particular, que deverá ser acompanhado, no programa, pela 9.ª Sinfonia de Chostakovitch.
“Momentos altos da temporada”, segundo a Gulbenkian, serão também as óperas “Dido e Eneias”, de Henry Purcell, em versão de palco, dirigida por Leonardo García Alarcón, com Marianne Beate Kielland e Edwin Crossley-Mercer, nos principais papéis (12 e 13 de novembro), e “A Voz Humana”, de Francis Poulenc, sobre libreto de Jean Cocteau, sob a direção de Lorenzo Viotti, numa versão protagonizada por Marina Viotti, encenada por Vincent Huguet (3 e 4 de dezembro).
Na programação dos primeiros quatro meses da próxima temporada, destaca-se ainda a estreia nacional da obra “Cartas Portuguesas”, do brasileiro João Guilherme Ripper, “que evoca o legado singular da freira setecentista Mariana Alcoforado”, interpretada pela soprano Carla Caramujo e elementos do Coro Gulbenkian, com encenação de Jorge Takla (5 e 6 de novembro). Esta obra foi encomendada pela Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo, no âmbito da parceria São Paulo – Lisboa (SP-LX), com a Fundação Gulbenkian.
A primeira parte da temporada inclui ainda um programa inteiramente dedicado ao reportório francês, dirigido pelo maestro estoniano Mihhail Gerts.
A interpretação de “Sur le même accord”, de Henri Dutilleux, com a violinista polaca Anna Paliwoda, a suite “Pelléas et Mélisande”, de Gabriel Fauré, e a Sinfonia n.º 2, de Camille Saint-Saëns, nos dias 29 e 30 de outubro, enquadram-se neste programa.
Nos dias 01 e 02 de outubro, o maestro Nuno Coelho dirige o Concerto para Violoncelo e Orquestra n.º 1 de Joseph Haydn, sendo solista a violoncelista norueguesa Amalie Stalheim, num programa que também inclui a Sinfonia n.º 3, de Mendelssohn.
Lorenzo Viotti dirigirá, entre outros, dois Concertos de Domingo, dirigidos às famílias, constituídos pelas obras “Ma mère l’Oye”, de Maurice Ravel, e “Pulcinella”, de Igor Stravinsky, em 29 de novembro e, 20 de dezembro, com um programa que inclui excertos de “West Side Story”, de Leonard Bernstein.
A “Noite Transfigurada”, de Schoenberg, nos dia 19 e 20 de novembro, é outra proposta da programação, interpretada pela orquestra e por Viotti, num programa que também inclui “Música para cordas, percussão e celesta”, de Bartók.
O 250.º aniversário de Ludwig van Beethoven, que nasceu em dezembro de 1770, mantém-se no centro da programação, destacando-se, em particular os programas dirigidos pelo maestro convidado principal, Giancarlo Guerrero, em outubro: a 3.ª Sinfonia, no dia 08, a 5.ª Sinfonia, no dia seguinte, 09 de outubro, a 6.ª Sinfonia e a 7.ª Sinfonia, nos dias 15 e 16, respetivamente.
Em novembro, o maestro finlandês Hannu Lintu dirigirá, nos dia 05 e 06, a 2.ª Sinfonia, do Mestre de Bona.
O pianista francês Roger Muraro, um dos principais intérpretes do repertório contemporâneo e do século XX, apresentar-se-á no dia 22 de outubro, para oferecer a sua leitura do Concerto para Piano e Orquestra, de Maurice Ravel, com a Orquestra Gulbenkian e maestro espanhol Juanjo Mena.
Mena será também o regente da “Sinfonia de Câmara”, de Dmitri Chostakovitch, em 23 de outubro, com a orquestra.
O Festival Jovens Músicos, que conta com a colaboração da Fundação Gulbenkian, também regressa este ano, ao Grande Auditório, nos dias 22 a 26 de setembro, para escolher os vencedores, nas diferentes classes de instrumentos, entre os grandes intérpretes de amanhã.
A parceria da Fundação com a Empresa Municipal de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), no âmbito da iniciativa “Lisboa na Rua”, sustenta três concertos da Orquestra Gulbenkian, todos com os seus solistas em primeiro plano, todos de entrada livre, no Grande Auditório, nos dias 11, 17 e 18 de setembro.
É, aliás, com este ciclo da “Orquestra Gulbenkian e os seus Solistas”, que abre a temporada de música, no dia 11 de setembro, às 19:00. O concerto inclui o chamado “Adagio”, de Albinoni, a Suite Orquestral n.º 2 e a “Ária na Corda Sol”, de Johann Sebastian Bach, e o Concerto para Violino, de Mendelssohn.
A Orquestra Gulbenkian será dirigida pelo concertino Bin Chao, que será solista, em violino, e contará ainda com a flautista Amalia Tortajada, vencedora do Prémio Rising Star, em 2015.
O maestro Mihhail Gerts, o trompetista Carlos Leite, o oboísta Pedro Ribeiro e o contrabaixista Domingos Ribeiro serão os protagonistas dos dois concertos seguintes de abertura da temporada, sob o lema “Orquestra Gulbenkian e os seus Solistas”.
Concertos do Ensemble Mediterrain, de Bruno Borralhinho, e do DSCH Shostakovich Ensemble, do pianista Filipe Pinto-Ribeiro, suceder-se-ão, ainda no primeiro mês da temporada.
No dia 26 de setembro, será feita a estreia absoluta de “Point of Departure”, de Jorge Filipe Pinto Ramos, pela Orquestra Gulbenkian, com o maestro José Eduardo Gomes. “Point of Departure” é a obra vencedora do Prémio de Composição Sociedade Portuguesa de Autores/Antena 2 2020.
A duração dos concertos deverá ser limitada a cerca de uma hora.
A programação está disponível em www.gulbenkian.pt.
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