Publicado originalmente em 2018, “Turbulência” nasceu de um desafio lançado ao autor pela Radio4, estação da BBC, para escrever uma série de contos interligados, para um programa de rádio de 15 minutos.
O convite a David Szalay terá surgido por o escritor já ter usado uma estrutura semelhante no seu livro anterior, “Tudo O que Um Homem É”, facto que suscitou debate durante o período que antecedeu o ainda Prémio Man Booker, para o qual estava nomeado, cujas regras determinam que seja concedido a uma obra de ficção unificada, segundo revelou o jornal The Guardian.
Cada história de “Turbulência” tem como título um par de códigos de aeroporto, com três letras cada, que determinam a origem e o destino das viagens, e envolve personagens ligadas por um voo.
Uma mulher que está a cuidar do filho doente viaja de Londres para Madrid (“LGW-MAD”) e mete conversa com o vizinho do lado; esse homem recebe notícias trágicas e regressa a casa em Dakar (“MAD-DSS”); uma testemunha dessa tragédia é um piloto que se dirige para São Paulo (“DSS-GRU”); o piloto procura conforto nos braços de uma jornalista que no dia seguinte viaja para Toronto para fazer uma entrevista (“GRU-YYZ”); e assim sucessivamente.
“De Londres a Madrid, de Dakar a São Paulo, de Toronto a Deli, as histórias de doze desconhecidos são o retrato de um mundo global”, afirma a editora, descrevendo o livro como “uma crónica cultural da sociedade contemporânea através de histórias de vida que se entrecruzam em voos internacionais”.
Sobre este livro, o The Guardian escreveu que “parece sugerir que o século XXI está a acontecer a muitos quilómetros de altitude ou em aeroportos anónimos”, e que Szalay é o “maior cronista” inglês “desses lugares desenraizados e gastos, e das vidas desesperadas e itinerantes dos que os habitam”.
David Szalay, que trabalhava em vendas antes de se dedicar à escrita, é classificado pelo jornal The New York Times como “um escritor incrivelmente dotado, capaz de se mover em qualquer direção que pretenda”.
Nascido em 1974, em Montreal, no Canadá, mudou-se mais tarde para o Reino Unido, onde frequentou a Universidade de Oxford.
O seu romance de estreia, “London and the South-East”, publicado em 2008, foi distinguido com dois prémios, e os dois títulos que se lhe seguiram – “The Innocent” e “Spring” – obtiveram igualmente a atenção da crítica internacional.
Em 2013, foi escolhido pela Granta como um dos 20 melhores jovens romancistas da Grã-Bretanha.
“Tudo o que um homem é” (“All that man is”), nomeado para o Man Booker, foi publicado originalmente em 2016 e editado em Portugal pela Elsinore em 2018.
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